O meu livro de instruções de poesia, comprado num quiosque junto ao rio, contém várias regras sobre o que evitar e o que seguir. Mais de duas pessoas num poema é uma multidão, eis uma. Mencionar que roupa usas enquanto escreves, é outra. Evitar a palavra vórtice, a palavra aveludado, e a palavra cigarra. À falta de um final, coloca umas galinhas castanhas em plena chuva. Nunca admitas que reves. E – mantém sempre o teu poema numa só estação. Tento estar atento, mas nestes últimos dias de verão sempre que elevo os olhos da página e vejo uma mancha queimada de folhas amarelas, penso nos ventos glaciais que brevemente me atravessarão o casaco.
A frase mais vista deste Autor.