Frases e palavras de impacto de Ana Hatherly!

Viver sem amor É como não ter para onde ir Em nenhum lugar Encontrar casa ou mundo É contemplar o não-acontecer O lugar onde tudo já não é Onde tudo se transforma No recinto De onde tudo se mudou Sem amor andamos errantes De nós mesmos desconhecidos Descobrimos que nunca se tem ninguém Além de nós próprios E nem isso se tem.

Por Ana Hatherly

Os livros estão sempre sós. Como nós. Sofrem o terrível impacto do presente. Como nós. Têm o dom de consolar, divertir, ferir, queimar. Como nós. Calam a sua fúria com a sua farsa. Como nós. Têm fachadas lisas ou não. Como nós. Formosas, delirantes, horrorosas. Como nós. Estão ali sendo entretanto. Como nós. No limiar do esquecimento. Como nós. Cheios de submissão ao serviço do impossível. Como nós.

Por Ana Hatherly

"Descobrindo-se, o poeta personifica, representa. Nos melhores momentos descobre o que nem sequer encoberto estava, porque o que ele faz é ver a oblíqua eloquência ou o encanto do que, sem ele, não seria."

Por Ana Hatherly

Parcialmente, a santidade consiste na capacidade de praticar transgressões bem orientadas.

Por Ana Hatherly

o poeta é um guardador guarda a diferença guarda da indiferença no incerto guarda a certeza da voz

Por Ana Hatherly

Quantas vezes nos sentimos extraordinariamente sós embora sentindo-nos felizes. O amor é impossível mesmo quando possível.

Por Ana Hatherly

Que é voar? Que é voar? É só subir no ar, levantar da terra o corpo,os pés? Isso é que é voar? Não. Voar é libertar-me, é parar no espaço inconsistente é ser livre,leve,independente é ter a alma separada de toda a existência é não viver senão em não -vivência E isso é voar? Não. Voar é humano é transitório,momentâneo... Aquele que voa tem de poisar em algum lugar: isso é partir e não voltar.

Por Ana Hatherly

Os grandes erros que se cometem na vida são erros recorrentes. É mesmo essa repetição o que nos define.

Por Ana Hatherly

O que é preciso é gente gente com dente gente que tenha dente que mostre o dente Gente que não seja decente nem docente nem docemente nem delicodocemente Gente com mente com sã mente que sinta que não mente que sinta o dente são e a mente Gente que enterre o dente que fira de unha e dente e mostre o dente potente ao prepotente O que é preciso é gente que atire fora com essa gente Essa gente dominada por essa gente não sente como a gente não quer ser dominada por gente NENHUMA! A gente só é dominada por essa gente quando não sabe que é gente

Por Ana Hatherly

A gente só é dominada por essa gente quando não sabe que é gente

Por Ana Hatherly

Príncipe: Era de noite quando eu bati à tua porta e na escuridão da tua casa tu vieste abrir e não me conheceste. Era de noite são mil e umas as noites em que bato à tua porta e tu vens abrir e não me reconheces porque eu jamais bato à tua porta. Contudo quando eu batia à tua porta e tu vieste abrir os teus olhos de repente viram-me pela primeira vez como sempre de cada vez é a primeira a derradeira instância do momento de eu surgir e tu veres-me. Era de noite quando eu bati à tua porta e tu vieste abrir e viste-me como um náufrago sussurrando qualquer coisa que ninguém compreendeu. Mas era de noite e por isso tu soubeste que era eu e vieste abrir-te na escuridão da tua casa.

Por Ana Hatherly

Era uma vez uma pessoa que procurava a sabedoria. Tinham-lhe dito que para a atingir tinha sempre de aceitar e recusar ao mesmo tempo tudo o que lhe fosse oferecido, dito ou mostrado. Quando perguntava por onde era o melhor caminho e lhe diziam «é por ali» ela devia seguir imediatamente nesse sentido e depois no sentido contrário. Tendo assim percorrido todas as direcções indicadas e as não indicadas, sem mais caminhos a percorrer, sentou-se no chão e começou a chorar. Sem saber, tinha chegado.

Por Ana Hatherly

O poeta é um pintor do mundo invisível.

Por Ana Hatherly

Pensar o presente conduz necessariamente ao desespero porque a vida não tem outra solução senão perpetuar-se na sua imperfeição.

Por Ana Hatherly

Era uma vez duas serpentes que não gostavam uma da outra. Um dia encontraram-se num caminho muito estreito e como não gostavam uma da outra devoraram-se mutuamente. Quando cada uma devorou a outra não ficou nada. Esta história tradicional demonstra que se deve amar o próximo ou então ter muito cuidado com o que se come.

Por Ana Hatherly

Quantas vezes não é através dos actos aparentemente mais inúteis ou supérfluos que o homem descobre a sua força?

Por Ana Hatherly

A memória é onde os sonhos adormecem Despertando abrem janelas no tempo

Por Ana Hatherly

quando o poema é bom não te aperta a mão: aperta-te a garganta

Por Ana Hatherly

O amor ama as coisas difíceis, por isso quem ama vive num permanente estado de impaciência.

Por Ana Hatherly