Frases e palavras de impacto de Bocage!

Liberdade, onde estás? Quem te demora? Quem faz que o teu influxo em nós não Caia? Porque (triste de mim!) porque não raia Já na esfera de Lísia a tua aurora? Da santa redenção é vinda a hora A esta parte do mundo que desmaia. Oh! Venha... Oh! Venha, e trémulo descaia Despotismo feroz, que nos devora! Eia! Acode ao mortal, que, frio e mudo, Oculta o pátrio amor, torce a vontade, E em fingir, por temor, empenha estudo. Movam nossos grilhões tua piedade; Nosso númen tu és, e glória, e tudo, Mãe do génio e prazer, oh Liberdade!

Por Bocage

"Já Bocage não sou!" Já Bocage não sou!... À cova escura Meu estro vai parar desfeito em vento... Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento Leve me torne sempre a terra dura. Conheço agora já quão vã figura Em prosa e verso fez meu louco intento. Musa!... Tivera algum merecimento, Se um raio da razão seguisse, pura! Eu me arrependo; a língua quase fria Brade em alto pregão à mocidade, Que atrás do som fantástico corria: "Outro Aretino fui... A santidade Manchei...Oh!, se me creste, gente impia, Rasga meus versos, crê na Eternidade!"

Por Bocage

Apenas vi do dia a luz brilhante Apenas vi do dia a luz brilhante Lá de Túbal no empório celebrado, Em sanguíneo carácter foi marcado Pelos Destinos meu primeiro instante. Aos dois lustros a morte devorante Me roubou, terna mãe, teu doce agrado; Segui Marte depois, e enfim meu fado, Dos irmãos e do pai me pôs distante. Vagando a curva terra, o mar profundo, Longe da Pátria, longe da ventura, Minhas faces com lágrimas inundo. E enquanto insana multidão procura Essas quimeras, esses bens do mundo, Suspiro pela paz da sepultura.

Por Bocage

Noite tempestuosa O céu das opacas sombras abafado, Tornando mais medonha a noite feia, Mugindo sobre as rochas, que salteia, O mar em crespos montes levantado; Desfeito em furações o vento irado; Pelos ares zunindo a solta areia; O pássaro nocturno que vozeia No agoireiro ciprestes além pousado; Formam quadro terrível, mas aceito, Mas grato aos olhos meus, gratos à fereza Do ciúme e saudade, a que ando afeito. Quer no horror igualar-me a Natureza; Porém cansa-se em vão, que no meu peito Há mais escuridão, há mais tristeza.

Por Bocage

Infeliz! Que arrogância, Que imprudência, que fado ou que desdita Te guia à negra estância Aonde o tempo com a Morte habita?

Por Bocage

Nascemos para amar; a Humanidade Vai, tarde ou cedo, aos laços da ternura. Tu és doce atractivo, oh fermosura, Que encanta, que seduz, que persuade. Quantas vezes, Amor, me tens ferido! Quantas vezes, Razão, me tens curado! Quão fácil é de um estado a outro estado! O mortal sem querer é conduzido! Nos torpes laços de beleza impura Jazem meu coração, meu pensamento... Bocage

Por Bocage

A frouxidão no amor é uma ofensa, Ofensa que se eleva a grau supremo; Paixão requer paixão, fervor e extremo.

Por Bocage

Amores vêm e vão, mas o verdadeiro amor nunca sai do coração.

Por Bocage

Nas paixões a razão nos desampara.

Por Bocage

Meu Ser Evaporei na Lida Insana Meu ser evaporei na lida insana Do tropel de paixões, que me arrastava. Ah! Cego eu cria, ah! mísero eu sonhava Em mim quase imortal a essência humana. De que inúmeros sóis a mente ufana Existência falaz me não dourava! Mas eis sucumbe a Natureza escrava Ao mal, que a vida em sua origem dana. Prazeres, sócios meus e meus tiranos! Esta alma, que sedenta em si não coube, No abismo vos sumiu dos desenganos. Deus, oh Deus!… Quando a morte a luz me roube, Ganhe num momento o que perderam anos, Saiba morrer o que viver não soube.

Por Bocage

Triste quem ama, cego quem se fia.

Por Bocage

Eu, que não satisfeito De combater, de triunfar na Terra, Convosco tenho feito Aos próprios Céus inevitável guerra

Por Bocage

Amor em sendo ditoso Costuma ser imprudente, E nos gestos de quem ama Logo o vê quem o não sente.

Por Bocage

Nascemos para amar; a Humanidade Vai, tarde ou cedo, aos laços da ternura. Tu és doce atractivo, ó Formosura, Que encanta, que seduz, que persuade. Enleia-se por gosto a liberdade; E depois que a paixão na alma se apura, Alguns então lhe chamam desventura, Chamam-lhe alguns então felicidade. Qual se abisma nas lôbregas tristezas, Qual em suaves júbilos discorre, Com esperanças mil na ideia acesas. Amor ou desfalece, ou pára, ou corre: E, segundo as diversas naturezas, Um porfia, este esquece, aquele morre.

Por Bocage

Vai sempre avante a paixão, Buscando seu doce fim; Os amantes são assim: Todos fogem à razão.

Por Bocage

Quase tudo que é raro, estranho, ilustre, da vaidade procede. Nas paixões a razão nos desampara. A frouxidão no amor é uma ofensa. Quem é muito amado, não é muito amante.

Por Bocage

A frouxidão no amor é uma ofensa, Ofensa que se eleva a grau supremo; Paixão requer paixão, fervor e extremo; Com extremo e fervor se recompensa. Vê qual sou, vê qual és, vê que diferença! Eu descoro, eu praguejo, eu ardo, eu gemo; Eu choro, eu desespero, eu clamo, eu tremo; Em sombras a razão se me condensa. Tu só tens gratidão, só tens brandura, E antes que um coração pouco amoroso Quisera ver-te uma alma ingrata e dura. Talvez me enfadaria aspecto iroso, Mas de teu peito a lânguida ternura Tem-me cativo e não me faz ditoso.

Por Bocage

Só tu, meu bem, me arrebatas A vontade, o pensamento; Vivo de ver-te e de amar-te, E detesto o fingimento.

Por Bocage

Cantando a vida, como o cisne a morte.

Por Bocage

Liberdade querida e suspirada, Que o Despotismo acérrimo condena; Liberdade, a meus olhos mais serena, Que o sereno clarão da madrugada! Atende à minha voz, que geme e brada Por ver-te, por gozar-te a face amena; Liberdade gentil, desterra a pena Em que esta alma infeliz jaz sepultada; Vem, oh deusa imortal, vem, maravilha, Vem, oh consolação da humanidade, Cujo semblante mais que os astros brilha; Vem, solta-me o grilhão da adversidade; Dos céus descende, pois dos Céus és filha, Mãe dos prazeres, doce Liberdade!

Por Bocage

Se amor vive além da morte. Constância eterna hei-de ter; Se amor dura só na vida, Hei-de amar-te até morrer.

Por Bocage

O autor aos seus versos Chorosos versos meus desentoados, Sem arte, sem beleza e sem brandura, Urdidos pela mão da Desventura, Pela baça Tristeza envenenados: Vede a luz, não busqueis, desesperados, No mudo esquecimento a sepultura; Se os ditosos vos lerem sem ternura, Ler-vos-ão com ternura os desgraçados: Não vos inspire, ó versos, cobardia Da sátira mordaz o furor louco, Da maldizente voz e tirania: Desculpa tendes, se valeis tão pouco, Que não pode cantar com melodia Um peito de gemer cansado e rouco.

Por Bocage

Morrer é pouco, é fácil; mas ter vida Delirando de amor, sem fruto ardendo, É padecer mil mortes, mil infernos.

Por Bocage

Por entre a chuva de mortais peloiros A nua fronte enriquecer de loiros Eu procuro, eu desejo, Para teus mimos desfrutar sem pejo, Pois quem deste esplendor se não guarnece, Não é digno de ti, não te merece.

Por Bocage

Os amantes são assim: Todos fogem à razão.

Por Bocage