Frases e palavras de impacto de Ledusha Spinardi!

De leve feminista sábado domingo segunda terça quarta quinta e na sexta lobiswoman.

Por Ledusha Spinardi

Felicidade nada como namorar um poeta marginal incendiado nada como um mingau de maizena empelotado de tanto amor acumulado uma casinha em botafogo um quarto uma eletrola uma cartola & depois da praia sonhar que a bossa nova voltou pra ficar eu você joão girando na vitrola sem parar.

Por Ledusha Spinardi

Pontaria não fossem esses óculos acertaria em cheio o coração do príncipe.

Por Ledusha Spinardi

Sinhazinha em chamas ai quem me dera uma tuberculose uma overdose uma carência esplêndida.

Por Ledusha Spinardi

Prece de um dia quase igual a todos Deus dos delicados, não me abandone nessa guerra insana. Minha máquina de ser beira a pane enquanto o veludo da voz de Billie lambe as paredes do lusco-fusco. Abençoe, senhor, tudo que dói em nós, indispensável. As tardes despenteadas em Grumari, as lágrimas do homem que me amou e nunca disse, o negro agonizante sob o sol narcísico de Ipanema, as crianças que tão cedo me deixaram farta de lágrimas e leite, o eco esquivo de Frederico, sinais de musgo. Abençoe as escarpas da minha vida enquanto desenterro estas palavras – o carmim destas palavras – com as lascas afiadas da dor. Sonho piscinas, atraída pelas labaredas. Preciso dormir bem dentro das suas asas enormes, pai.

Por Ledusha Spinardi

Caça à palavra repleta, minha alma espreita atrás do estrume do mundo: de onde vêm os versos, que face ocultam entre o amor e a morte? às vezes os sons são os mesmos, as texturas, o tempo, o mesmo homem a revolver-me as veias onde se lacram as vãs repetições, que noite veste o poema? o sol nos vasos de crisântemos, ecos de um triste país, largos horizontes onde meu pai passeia verbos nem sempre sublimes. tudo é memória, sirenes ligadas. a infância sempre ontem, mas aqui. todo verso sugere uma serpente oferecida. que na minha caça à palavra (que face ocultam o amor e a morte?) não haja qualquer vislumbre de repouso.

Por Ledusha Spinardi

Retorno Gastei toda aquarela, recolhida. Silêncio de barcos acidentados, fruta madura espatifando-se na terra. Colhi no ventre da treva estas palavras tocando-as devagar, com medo de que por trás de suas faces frescas me aguardasse uma emboscada. Sei pelo avesso suas formas conturbadas, atormentam-me seus abismos híbridos. Vê-las pulsando salva-me da lábia estofada cotidiana, mas também me expõe à rude dimensão da liberdade e seu preço poucas vezes raso. Cintila a pedra noturna dos meus olhos nos seus olhos, sei que posso atravessá-los num sopro. Após tantas águas fugidias, o refluxo. As portas batem, como nos dias arejados.

Por Ledusha Spinardi