Imagine que vou fazer uma longa viagem, sem saber quando volto, e você vai até a estação de trem para se despedir de mim.Se depois nos comunicarmos por carta ou telefone e nos lembrarmos da despedida, não estaremos falando da mesma coisa, mesmo que imaginemos que sim. A minha lembrança e a sua serão diferentes, isso quando não forem exatamente opostas. Você se lembra de um homem que se afasta em um trem e que acena da janela. Mas eu me lembro de um homem imóvel em uma plataforma e de que ele fi cava cada vez menor. É a única coisa que podemos compartilhar: a sensação do outro fi cando menor. Trata-se de algo que encontra eco em nossas emoções. Quando nos distanciamos fisicamente de alguém, sua presença no inconsciente se reduz progressivamente. Talvez, nesse sentido, o que acontece no nível óptico seja mera preparação para o que acontecerá na mente. Mas voltemos ao início: a experiência nunca pode ser compartilhada. Ela é servida sempre em frascos individuais.
A frase mais vista deste Autor.
"Já sei que cabelos grisalhos são sinal de sabedoria", pensei arrancando-os pela raiz com uma pinça, "mas não quero que os outros saibam que sou assim tão sábio. É uma mera questão de modéstia."
Na época da dispersão absoluta, da cultura do instantâneo, da falta de escuta e da superficialidade, há, dentro de cada pessoa, uma chave capaz de abrir novamente as portas da atenção, da harmonia e do amor à vida. Essa chave se chama Ichigo-ichie.