Frases e palavras de impacto de Daniel Faria!

Explicação da Ausência Desde que nos deixaste o tempo nunca mais se transformou Não rodou mais para a festa não irrompeu Em labareda ou nuvem no coração de ninguém. A mudança fez-se vazio repetido E o a vir a mesma afirmação da falta. Depois o tempo nunca mais se abeirou da promessa Nem se cumpriu E a espera é não acontecer — fosse abertura — E a saudade é tudo ser igual.

Por Daniel Faria

Há uma mulher a morrer sentada Uma planta depois de muito tempo Dorme sossegadamente Como cisne que se prepara Para cantar Ela está sentada à janela. Sei que nunca Mais se levantará para abri-la Porque está sentada do lado de fora E nenhum de nós pode trazê-la para dentro Ela é tão bonita ao relento Inesgotável É tão leve como um cisne em pensamento E está sobre as águas É um nenúfar, é um fluir já anterior Ao tempo Sei que não posso chamá-la das margens

Por Daniel Faria

Amo-te no intenso tráfego Com toda a poluição no sangue. Exponho-te a vontade O lugar que só respira na tua boca Ó verbo que amo como a pronúncia Da mãe, do amigo, do poema Em pensamento. Com todas as ideias da minha cabeça ponho-me no silêncio Dos teus lábios. Molda-me a partir do céu da tua boca Porque pressinto que posso ouvir-te No firmamento.

Por Daniel Faria

Amo-te nesta ideia nocturna da luz nas mãos E quero cair em desuso Fundir-me completamente. Esperar o clarão da tua vinda, a estrela, o teu anjo Os focos celestes que a candeia humana não iguala Que os olhos da pessoa amada não fazem esquecer. Amo tão grandemente a ideia do teu rosto que penso ver-te Voltado para mim Inclinado como a criança que quer voltar ao chão.

Por Daniel Faria

Se o amor é crime Eu quero ser a violência Se o amor deprime Só me resta ter demência Se o amor é paz Eu quero ser uma pomba Se o amor é guerra Só me resta ser uma bomba Se o amor é o que dizem ser Ou se na verdade não o é Por ele só me resta morrer Por ele só me resta ter fé.

Por Daniel Faria

Um dia vais acordar E uma recordação de um sonho vais ter Não vale a pena pensar Porque aos poucos vais-te esquecer Um dia vais-te deitar E pensar no que já viveste Não vale a pena chorar Só tiveste o que mereceste Um dia assim Uma noite assada Foste até ao fim Para encontrares nada.

Por Daniel Faria

O bom poeta não é o que faz rimas Mas o que sabe rimar Do que vale ir às vindimas Se não se sabe podar O bom poeta não é o que pensa Mas o que tem as ideias Do que vale uma dispensa Sem as gavetas cheias O bom poeta existe Ou ainda está para aparecer Só a dúvida persiste Só a resposta nos fará saber.

Por Daniel Faria

Nunca dês motivação Para uma causa perdida É apenas um ato de traição Que pode prejudicar uma vida Mais vale confrontar com factos Em vez de arranjar um falso argumento Pois a verdade pode deixar um coração em cacos Mas certamente recuperará com o tempo Se não o tiveres feito Nem o fores fazer Deixas-lhe o coração desfeito Que mal conseguirá bater

Por Daniel Faria

Estranho é o sono que não te devolve. Como é estrangeiro o sossego De quem não espera recado. Essa sombra como é a alma De quem já só por dentro se ilumina E surpreende E por fora é Apenas peso de ser tarde. Como é Amargo não poder guardar-te Em chão mais próximo do coração.

Por Daniel Faria

Amo o caminho que estendes por dentro das minhas divisões. Ignoro se um pássaro morto continua o seu voo Se se recorda dos movimentos migratórios E das estações. Mas não me importo de adoecer no teu colo De dormir ao relento entre as tuas mãos.

Por Daniel Faria

Já abriste os olhos E pensaste É só gente aos molhos E a tua cara-metade ainda não encontraste Já prestaste atenção E ouviste bem Nada te tocou o coração Nada, nem ninguém Já respiraste fundo E sustes-te a respiração Não há ninguém neste mundo Que te dê a mão Já fizeste de tudo E nunca recebeste nada Não és um sortudo Não és uma pessoa amada.

Por Daniel Faria

Se não podes correr contra o tempo e recuperar o que te tirou, anda a favor dele e aproveita o que te deixou.

Por Daniel Faria

Amo-te como um planeta em rotação difusa E quero parar como o servo colado ao chão. Frágil cerâmica de poros soprados no teu hálito Vasilha que ergues em tua mão de oleiro Cálice que não pudeste afastar de ti.

Por Daniel Faria