Áureos tempos aqueles quando na manhãzinha goiaba colhíamos no cerrado gabirobas ainda vestidas de orvalho. Pés e patas competiam no capim pródigo de carrapichos. Gestos elásticos ultra-rápidos assustávamos insetos e aves. Um séquito de suaves súditos nos seguia em semi-adoração nós, os príncipes daquele feudo. Depois, o asfalto rasgou o campo. Cogumelos de concreto brotaram. Cresceram as crianças e a cidade. Anãs ficaram as árvores aos pés de edifícios colossais. Sumiram pássaros gabirobas araçás. Fim de passeios e piqueniques. Só ficou a fome funda das frutas no vão sem remissão das bocas .
A frase mais vista deste Autor.
Pesado é o coração do escombro de teus sonhos e dos mortos que em teus ombros repousam imortais. O amor de ontem é cinza feita chumbo. Cicatrizes e rugas lavram a tua carne de aflições temperada e a vazante das veias irriga-se de subterrâneas lágrimas antigas.
Todas as tardes rego as plantas de casa. Peço perdão às árvores pelo papel em que planto palavras de pedra regadas de pranto.