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Eclesiastes, EC, 10:2, O coração do sábio se inclina para o bem, mas o coração do tolo se inclina para o mal.
Por Eclesiastes, Antigo TestamentoEstava esperando um sinal. E, todos esses anos, nada. Eu temia ter nascido na época errada. Que a era dos milagres e profetas tivesse passado.
Por Bird Box Barcelona (filme)LISBON REVISITED (1926) Nada me prende a nada. Quero cinqüenta coisas ao mesmo tempo. Anseio com uma angústia de fome de carne O que não sei que seja - Definidamente pelo indefinido... Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto De quem dorme irrequieto, metade a sonhar. Fecharam-me todas as portas abstratas e necessárias. Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver da rua. Não há na travessa achada o número da porta que me deram. Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido. Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota. Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados. Até a vida só desejada me farta - até essa vida... Compreendo a intervalos desconexos; Escrevo por lapsos de cansaço; E um tédio que é até do tédio arroja-me à praia. Não sei que destino ou futuro compete à minha angústia sem leme; Não sei que ilhas do sul impossível aguardam-me naufrago; ou que palmares de literatura me darão ao menos um verso. Não, não sei isto, nem outra coisa, nem coisa nenhuma... E, no fundo do meu espírito, onde sonho o que sonhei, Nos campos últimos da alma, onde memoro sem causa (E o passado é uma névoa natural de lágrimas falsas), Nas estradas e atalhos das florestas longínquas Onde supus o meu ser, Fogem desmantelados, últimos restos Da ilusão final, Os meus exércitos sonhados, derrotados sem ter sido, As minhas cortes por existir, esfaceladas em Deus. Outra vez te revejo, Cidade da minha infância pavorosamente perdida... Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui... Eu? Mas sou eu o mesmo que aqui vivi, e aqui voltei, E aqui tornei a voltar, e a voltar. E aqui de novo tornei a voltar? Ou somos todos os Eu que estive aqui ou estiveram, Uma série de contas-entes ligados por um fio-memória, Uma série de sonhos de mim de alguém de fora de mim? Outra vez te revejo, Com o coração mais longínquo, a alma menos minha. Outra vez te revejo - Lisboa e Tejo e tudo -, Transeunte inútil de ti e de mim, Estrangeiro aqui como em toda a parte, Casual na vida como na alma, Fantasma a errar em salas de recordações, Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem No castelo maldito de ter que viver... Outra vez te revejo, Sombra que passa através das sombras, e brilha Um momento a uma luz fúnebre desconhecida, E entra na noite como um rastro de barco se perde Na água que deixa de se ouvir... Outra vez te revejo, Mas, ai, a mim não me revejo! Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico, E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim - Um bocado de ti e de mim! (Heterônimo de Fernando Pessoa)
Por Álvaro de CamposUm Simples olhar teu facilmente me desabrocha Embora me feche como os dedos da mão. Tu sempre abres pétala por pétala meu ser Como a primavera quando toca cuidadosa e misteriosamente sua primeira rosa. Eu não sei o que existe em ti que me libera e prende. Somente uma coisa em mim compreende, que a linguagem dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas. Ninguém, nem mesmo a chuva. Tem mãos tão pequeninas.
Por E. E. CummingsAs paixões são todas boas por natureza e nós apenas temos de evitar o seu mau uso e os seus excessos.
Por René DescartesJeremias, JR, 33:1, Quando Jeremias ainda estava encarcerado no pátio da guarda, a palavra do Senhor veio a ele pela segunda vez, dizendo:
Por Jeremias, Antigo TestamentoI Coríntios, 1CO, 10:24, Ninguém busque o seu próprio interesse, e sim o de seu próximo.
Por I Coríntios, Novo TestamentoJeremias, JR, 4:13, Eis que o destruidor avança como as nuvens; os seus carros de guerra são como a tempestade; os seus cavalos são mais ligeiros do que as águias. Ai de nós! Estamos perdidos!
Por Jeremias, Antigo TestamentoAdoro flores adoraria ter a casa toda nadando em rosas meu Deus do céu não tem nada no mundo como a natureza as montanhas selvagens depois o mar as ondas em tropel e depois a beleza do campo as plantações de aveia e trigo os animais pra cá pra lá tão bonitos deve fazer bem à alma isso ver os rios os lagos e as flores e formas de todos os jeitos e cheiros e cores saltando de tudo até do fosso primaveras e violetas é a natureza e esses que dizem que Deus não existe não dou nada pela ciência deles porque não vão e criam alguma coisa já perguntei pra ele tantas vezes ateus ou sei lá como se chamam primeiro que tratem de lavar sua sujeira depois mandam chamar o padre aos berros quando vão morrer e por quê por quê porque tem pavor do inferno por causa da consciência pesada ah sim conheço bem esses quem foi a primeira pessoa do universo antes que existisse qualquer outra quem fez tudo isso quem ah isso eles não sabem e nem eu sei pois é eles podiam proibir o sol de nascer amanhã de manhã o sol brilha é por tua causa ele me disse no dia em que deitamos sobre os rododendros no promontório de Howth com se terno cinza e chapéu de palha no dia em que fiz ele falar de casamento foi antes lhe passei com a boca um pedaço de bolo cheiroso foi um ano bissexto também há 16 anos meu Deus depois daquele beijo que não acaba nunca que quase me deixou sufocada sim ele me disse que eu era uma flor da montanha sim é isso mesmo somos flores completamente o corpo todo da mulher sim tai uma verdade que ele disse na vida hoje o sol brilha por tua causa sim foi por isso que eu gostei dele porque vi que ele entendia ou sentia o que é uma mulher e eu sabia que podia fazer dele o que eu quisesse e fui dando a ele todo prazer que eu podia para obrigá-lo a me pedir pra dizer sim e eu não queria dizer logo e fiquei só olhando para o mar e o céu e pensando muitas coisas de que ele não sabia em Mulvey e Mr. Stanhope e Hester no pai no velho Capitão Groves nos marinheiros que brincavam de carniça e lava prato assim diziam lá no cais e no sentinela na frente da casa do governador com aquela coisa em volta do capacete branco pobre diabo meio assado e as moças espanholas rindo com seus xales seus pentes altos e os leilões de manhã os gregos os judeus os árabes e o diabo sabe lá quem mais de todos os cantos da Europa e Duke Street e a feira de aves cacarejando defronte Larby Sharon os burrinhos coitados que tropeçavam morrendo de sono e uns sujeitos vagos com seus mantos dormindo nos degraus na sombra e as rodas enormes dos carros de touros e o castelo de milhares de anos sim e aqueles mouros lindos de branco e turbante como reis pedindo a gente pra sentar em suas lojinhas de nada e Ronda com as velhas janelas das posadas olhos faiscando atrás da rótula para o namorado beijar a treliça e as tabernas meio abertas durante a noite e as castanholas e a noite em que perdemos o navio para Algeciras o vigia que fazia a ronda sereno com sua lanterna e oh essa horrível corrente lá no fundo oh e o mar o mar às vezes escarlate como fogo e o por-do -sol maravilhoso as figueiras nos jardins da Alameda sim e todas aquelas ruazinhas engraçadas as casas cor de rosa azul amarelas e os jasmins os gerânios os cactos e Gibraltar quando eu era mocinha uma Flor da montanha sim quando pus a rosa como faziam as andaluzas sim vou usar um vestido vermelho e como ele me beijou debaixo da muralha mourisca e eu pensei afinal tanto faz ele como qualquer outro e então eu pedi a ele com os olhos pra pedir outra vez sim e então ele me perguntou se eu queria sim dizer sim minha flor da montanha e primeiro eu passei o braço sim e puxei ele pra mim para que sentisse meus seios perfumadíssimos sim e o coração dele batia feito louco e sim eu disse sim eu quero muito Sim
Por James Joyce