Veja outros textos inspiradores!
O atraso chutei as pedrinhas da estrada quando senti que você não vinha Mais. Tirei elas do meu caminho, deixei só a Terra, que sempre levantava com o vento, nascido das rodas rápidas que passavam por ali e não paravam. Estava tudo certo para termos a melhor semana das nossas vidas, pelo menos eu. De noite conversamos por telefone, você disse das malas prontas, mas hoje desviou o caminho, preferiu pegar a estrada sem mim e eu aqui, na rodoviária feito Besta, num choro engasgado de peito, uma ânsia. Pensei que podia ir atrás de você até a sua cidade, mas que ridículo isso seria. Porque um dia Morro e não sei Quando, desperdiçar o tempo é criminoso por ser jeito de matar, também. Olhei minha mala em estado de Espera, era triste. Eu de calça jeans, batom e bota te esperando era ainda mais Triste, o amor é história pra boi Dormir. O que existe é a sede, amor é feito de 2 ou mais pessoas e 2 ou mais pessoas Raramente concordam em qualquer coisa, por isso viram pó e desilusão.
Por Aline BeiEzequiel, EZ, 39:20, À minha mesa, vocês se fartarão de cavalos e de cavaleiros, de valentes e de todos os homens de guerra`, diz o Senhor Deus.
Por Ezequiel, Antigo TestamentoTempo Não o percebia ; era tempo de jogar, novos amigos, novos brinquedos. Tudo resumia em uma única coisa: - Diversão. Era PRIMAVERA. Dias quentes; novos amores, outros sabores; o corpo queimava e sentia o furor do sol em mim. Era VERÃO. A calmaria. Algumas certezas, o aconchego do lar; consolidavam-se laços em novos abraços, percebia o tempo passar. Era OUTONO. Como o vento, sinto-o chegar. Passa-me! Percebo-o nas mãos, no rosto, cabelos, por todo corpo... Antes, o que era apenas uma brisa suave, tornou-se um vento frio... Agora, apenas observo o INVERNO chegar!
Por Rô SmithGeralmente erra mais quem decide cedo do que quem decide tarde; mas, depois de tomada a decisão, é necessário recuperar o atraso da sua execução.
Por Francesco GuicciardiniVocê olha pra mim e é tão fácil mudar qualquer plano Eu te quero assim, cada vez mais te amo!
Por Fábio Jr.Os Três Mal-Amados O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome. O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos. O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina. O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos. Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina. O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água. O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome. O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel. O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso. O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala. O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
Por João Cabral de Melo Neto