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NÃO: JÁ NÃO FALO DE TI Não: já não falo de ti, já não sei de saudades. Feche-se o coração como um livro, cheio de imagens, de palavras adormecidas, em altas prateleiras, até que o pó desfaça o pobre desespero sem força, que um dia, pode ser, parece tão terrível. A aranha dorme em sua teia, lá fora, entre a roseira e o muro. Resplandecem os azulejos- e tudo quanto posso ver. O resto é imaginado, e não coincide, e é temerário cismar. Talvez se as pálpebras pudessem inventar outros sonhos, não de vida... Ah! rompem-se na noite ardentes violas, pelo ar e pelo frio subitamente roçadas. Por onde pascerão, nestes céus invioláveis, nossas perguntas com suas crinas de séculos arrastando-se... Não só de amor a noite transborda mas de terríveis crueldades, loucuras, de homicídios mais verdadeiros. Os homens de sangue estão nas esquinas resfolegando, e os homens da lei sonolentos movem letras sobre imensos papéis que eles mesmos não entendem... Ah! que rosto amaríamos ver inclinar-se na aérea varanda? Nem os santos podem mais nada. Talvez os anjos abstratos da álgebra e da geometria.
Por Cecília MeirelesSer mulher, desejar outra alma pura e alada para poder, com ela, o infinito transpor, sentir a vida triste, insípida, isolada, buscar um companheiro e encontrar um Senhor... Ser mulher, calcular todo o infinito curto para a larga expansão do desejado surto, no ascenso espiritual aos perfeitos ideais... Ser mulher, e oh! atroz, tantálica tristeza! ficar na vida qual uma águia inerte, presa nos pesados grilhões dos preceitos sociais!
Por Gilka MachadoDeuteronômio, DT, 28:54, O mais sensível dos homens e o mais delicado do meio de vocês será mesquinho para com seu irmão, e para com a mulher que ama, e para com os outros filhos que ainda lhe restarem,
Por Deuteronômio, Antigo TestamentoSe um dia trouxe discos para tocar E chamar esse peito de lar Hoje, ela aí Não quer mais morar
Por BetinaGanhar dinheiro é legítimo e bom, ser hipócrita com este tema é nojento. A pessoa que ama o dinheiro e acha que ele é tudo é digna de pena!
Por Flávio AugustoA ESTRELA AZUL Era uma vez uma estrelinha muito prosa, toda orgulhosa, no céu instalada; até que um dia, talvez por castigo, um astro, fingindo-se amigo, roubou-lhe uma ponta dourada. Cheia de revolta, batendo as mãozinhas, ‘’pelo desaforo! (dizia a chorar) uma estrela que perde uma ponta não é mais estrela, não vou mais brilhar.’’ E a pobre estrelinha, assim mutilada, tornou-se problema na constelação; antipática, só pensando em si, como se o mundo desabasse ali ao peso de sua humilhação. ‘’Ninguém gosta de mim (gemia a pobre), só porque perdi minha ponta dourada.’’ E, enxugando uma lágrima comprida, a estrelinha, infeliz da vida, tornou-se resmungona e mal-educada. Oh! Era uma catástrofe no universo, uma tristeza na constelação! Tudo foi tentado, nenhum resultado, até chegar a estrela da Conformação. Esta velha estrela era mui sensata e à estrelinha ela aconselhou: – Ainda és estrela, pois tens quatro pontas, torna bem brilhantes as que Deus te deixou. E a estrelinha pôs-se a trabalhar ingentemente, em busca de luz; só pensando em ser útil e bela (que este é o destino de uma estrela). Ela esqueceu a sua própria cruz. E nem notou que sua cor mudara para um azul brilhante e sem igual: uma cor linda, cheia de esperança, alegre como um riso de criança, bela como uma estrela de Natal. E a estrelinha que fora problema, drama, tragédia na constelação, passou a ser motivo de alegria, uma bênção de Deus em cada coração.
Por Myrtes Mathias