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Tu estás livre e eu estou livre E há uma noite para passar Por que não vamos unidos Por que não vamos ficar Na aventura dos sentidos

Por António Variações

Grandes são os desertos Grandes são os desertos, e tudo é deserto. Não são algumas toneladas de pedras ou tijolos ao alto Que disfarçam o solo, o tal solo que é tudo. Grandes são os desertos e as almas desertas e grandes Desertas porque não passa por elas senão elas mesmas, Grandes porque de ali se vê tudo, e tudo morreu. Grandes são os desertos, minha alma! Grandes são os desertos. Não tirei bilhete para a vida, Errei a porta do sentimento, Não houve vontade ou ocasião que eu não perdesse. Hoje não me resta, em vésperas de viagem, Com a mala aberta esperando a arrumação adiada, Sentado na cadeira em companhia com as camisas que não cabem, Hoje não me resta (à parte o incômodo de estar assim sentado) Senão saber isto: Grandes são os desertos, e tudo é deserto. Grande é a vida, e não vale a pena haver vida, Arrumo melhor a mala com os olhos de pensar em arrumar Que com arrumação das mãos factícias (e creio que digo bem) Acendo o cigarro para adiar a viagem, Para adiar todas as viagens. Para adiar o universo inteiro. Volta amanhã, realidade! Basta por hoje, gentes! Adia-te, presente absoluto! Mais vale não ser que ser assim. Comprem chocolates à criança a quem sucedi por erro, E tirem a tabuleta porque amanhã é infinito. Mas tenho que arrumar mala, Tenho por força que arrumar a mala, A mala. Não posso levar as camisas na hipótese e a mala na razão. Sim, toda a vida tenho tido que arrumar a mala. Mas também, toda a vida, tenho ficado sentado sobre o canto das camisas empilhadas, A ruminar, como um boi que não chegou a Ápis, destino. Tenho que arrumar a mala de ser. Tenho que existir a arrumar malas. A cinza do cigarro cai sobre a camisa de cima do monte. Olho para o lado, verifico que estou a dormir. Sei só que tenho que arrumar a mala, E que os desertos são grandes e tudo é deserto, E qualquer parábola a respeito disto, mas dessa é que já me esqueci. Ergo-me de repente todos os Césares. Vou definitivamente arrumar a mala. Arre, hei de arrumá-la e fechá-la; Hei de vê-la levar de aqui, Hei de existir independentemente dela. Grandes são os desertos e tudo é deserto, Salvo erro, naturalmente. Pobre da alma humana com oásis só no deserto ao lado! Mais vale arrumar a mala. Fim.

Por Álvaro de Campos

Você é a garota dos meus sonhos e, aparentemente, eu sou o homem dos seus.

Por Como se Fosse a Primeira Vez

O maior inimigo do que a gente mais quer é aquilo que a gente quer agora.

Por Caio Carneiro

Divina Comédia Erguendo os braços para o céu distante E apostrofando os deuses invisíveis, Os homens clamam: — «Deuses impassíveis, A quem serve o destino triunfante, Porque é que nos criastes?! Incessante Corre o tempo e só gera, inestinguíveis, Dor, pecado, ilusão, lutas horríveis, N'um turbilhão cruel e delirante... Pois não era melhor na paz clemente Do nada e do que ainda não existe, Ter ficado a dormir eternamente? Porque é que para a dor nos evocastes?» Mas os deuses, com voz inda mais triste, Dizem: — «Homens! por que é que nos criastes?»

Por Antero de Quental

Os monstros mais assustadores do mundo são os seres humanos e o que somos capazes de fazer, principalmente quando estamos juntos.

Por Jordan Peele

⁠Podemos ficar cegos para o óbvio, e também somos cegos para nossa própria cegueira.

Por Daniel Kahneman

O melhor conselho é não escrever o que você sabe, e sim escrever o que gosta.

Por Austin Kleon

Provérbios, PV, 7:2, Observe os meus mandamentos e você viverá; guarde a minha lei como a menina dos seus olhos.

Por Provérbios, Antigo Testamento

Um neurótico é aquele que passa metade da sua vida a pôr armadilhas e a outra metade a cair nelas.

Por Jorge Bucay