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LIÇÃO A luz da lamparina dançava frente ao ícone da Santíssima Trindade. Paciente, a avó ensinava a prostrar-se em reverência, persignar-se com três dedos e rezar em língua eslava. De mãos postas, a menina fielmente repetia palavras que ela ignorava, mas Deus entendia.

Por Helena Kolody

A cicatriz não incomodara Harry nos últimos dezenove anos. Tudo estava bem.

Por J.K. Rowling

Salmos, SL, 62:9, Pura vaidade são os homens plebeus; os de fina estirpe não passam de falsidade; pesados em balança, eles juntos são mais leves do que a vaidade.

Por Salmos, Antigo Testamento

⁠Acostumar-se é se perder.  A gente se acostuma a relacionamentos mornos, a conversas pela metade, a abraços sem aperto e a beijos sem presença. Se acostuma com a ausência dentro da presença. E porque não recebe afeto verdadeiro, logo aprende a não esperar muito. E, porque não espera, começa a se contentar com migalhas — e, nesse processo silencioso, desaprende a desejar o que é inteiro. A gente se acostuma a viver em apartamentos de fundos, com janelas que não dão para o horizonte. Se acostuma com a vista limitada — e, com o tempo, com o olhar limitado. E o mesmo acontece no amor: a gente se acostuma com quem não olha dentro da gente. E, quando ninguém mais vê a alma, a gente deixa de abrir as cortinas do próprio coração. E aí, se esquece do sol, do vento no rosto, do que é se sentir vivo. A gente se acostuma a acordar já cansado, a viver no automático, a não ter tempo nem para si, muito menos para o outro. O “bom dia” vira obrigação, o “te amo” vira rotina, e o toque vira cumprimento. E aí, sem perceber, nos tornamos estranhos dentro dos nossos próprios relacionamentos. Dormimos ao lado de alguém e, ainda assim, sentimos frio. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro por uma mensagem que não vem. A ouvir, com resignação, um “hoje não dá”, “estou ocupado”, “depois a gente vê”. A sorrir por educação, mesmo quando por dentro estamos implorando para sermos notados. A nos doar por inteiro, enquanto o outro só estende a mão. Nos acostumamos a pagar o preço do silêncio, da indiferença, da ausência de reciprocidade. A lutar para manter vínculos que já não se sustentam. A carregar sozinhos a responsabilidade por dois. A estar em relações onde há cobrança demais e escuta de menos. Amor condicionado, respeito negociado. A gente se acostuma com a falta: de carinho, de presença, de parceria, de verdade. A se perder em mensagens sem alma, em promessas vazias, em jantares silenciosos. E, por medo de ficar só, acaba aceitando o pouco — sem perceber que estar mal acompanhado também é solidão. Nos acostumamos à frieza das rotinas, aos relacionamentos rasos, às palavras automáticas, às celebrações sem afeto. A gente se distrai com a correria, com os compromissos, com o mundo lá fora — e esquece que o amor, sem presença, morre sufocado. A gente se acostuma porque dói menos. Porque dá medo recomeçar. Porque é mais fácil manter o que não machuca do que buscar o que de fato preenche. Vai aceitando, em pequenas doses, uma dor aqui, uma ausência ali, uma frustração acolá. Vai sobrevivendo ao lado de quem deveria ser vida. Vai se calando. Vai desistindo. Vai sumindo. E tudo isso para não sofrer. Para preservar o que resta de nós. Para evitar mais feridas, mais decepções, mais perdas. A gente se acostuma… para tentar poupar a vida. Mas, nesse processo de adaptação, a vida escorre. O amor esfria. A alma se encolhe. E, de tanto se acostumar, a gente se perde — do outro, do mundo, e principalmente de si.

Por Vicky Forgiarini Vargas

Inspirem e expirem o medo de que o mundo perceba em pouco tempo que vocês não são tão especiais. Pode-se dizer até inúteis.

Por A Bolha (filme)

⁠Não escolhemos os outros ao acaso. Encontramos aqueles que já existem em nosso inconsciente.

Por Sigmund Freud

(( 020 )) SENTENÇA... ⁠Jenário de Fátima Tudo que fizermos, fazemos e faremos. As coisas de grandes e de pequenos montas. As coisas que lembramos e as que esquecemos. Haverão de cobrar-nos, pra acertar-se as contas. Não haverá de mais e nem tampouco de menos, Das nossas injúrias e das nossas afrontas, Das nossas infâmias e dos nossos venenos. ...De nada se aumenta...de nada se desconta! E diante do maior de todos os juízes, Sem que se haja erros, enganos ou deslizes, Tudo será revisto, medido e pesado. E que passou a vida, vantagem tendo em tudo, Ouvira nesta hora, bem cabisbaixo e mudo, Um duro veredicto o acusador;- Culpado! Jenário de Fátima

Por Jenário de Fátima

Definir é limitar. (O Retrato de Dorian Gray)

Por Oscar Wilde

⁠A prudência não consiste em querer que o outro tome uma decisão por você. Isso é só estupidez.

Por Italo Marsili

O Horror dos Vivos Ao menos junto dos mortos pode a gente Crer e esperar n'alguma suavidade: Crer no doce consolo da saudade E esperar do descanso eternamente. Junto aos mortos, por certo, a fé ardente Não perde a sua viva claridade; Cantam as aves do céu na intimidade Do coração o mais indiferente. Os mortos dão-nos paz imensa à vida, Não a lembrança vaga, indefinida Dos seus feitos gentis, nobres, altivos. Nas lutas vãs do tenebroso mundo Os mortos são ainda o bem profundo Que nos faz esquecer o horror dos vivos.

Por Cruz e Sousa