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Ezequiel, EZ, 23:9, Por isso, eu a entreguei nas mãos dos seus amantes, nas mãos dos filhos da Assíria, pelos quais havia se inflamado.
Por Ezequiel, Antigo TestamentoAtrás da porta Quando olhaste bem nos olhos meus E o teu olhar era de adeus Juro que não acreditei, eu te estranhei Me debrucei sobre teu corpo e duvidei E me arrastei e te arranhei E me agarrei nos teus cabelos No teu peito, teu pijama Nos teus pés ao pé da cama Sem carinho, sem coberta No tapete atrás da porta Reclamei baixinho Dei pra maldizer o nosso lar Pra sujar teu nome, te humilhar E me vingar a qualquer preço Te adorando pelo avesso Pra mostrar que ainda sou tua
Por Chico BuarqueAMOR, AMOR... “porque Deus amou de tal maneira...” Eu queria cantar aquele Amor sublime, como nem no céu existem dois iguais: amor Primeiro, sem reciprocidade, sem princípio, sem fim – Eternidade. Amor, Próprio Amor – amor demais. Amor que venceu o tempo e o espaço para chegar até meu coração. Amor escrevendo um poema de glória, traço de luz atravessando a História: Deus se humanizando – minha salvação. Amor que usou milhares de caminhos, homens, mulheres, povos e impérios, até tornar-se Única Esperança, prisioneiro num corpo de criança: maior quando desce – Mistério dos mistérios. Amor que transcende, supremo, absoluto, que a Si mesmo chama “de maneira tal” além de toda compreensão humana, que nos eleva, a Deus nos irmana na noite linda a santa de Natal. Como cantar este maior milagre, se a terra silencia para ouvir o céu? Diante do Grande feito Pequenino a própria alma se transforma em hino: – Tudo é amor, sublime amor, Jesus nasceu!
Por Myrtes MathiasSalmos, SL, 4:6, Há muitos que dizem: ´Quem nos dará a conhecer o bem?` Senhor, levanta sobre nós a luz do teu rosto.
Por Salmos, Antigo TestamentoOs Três Mal-Amados O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome. O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos. O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina. O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos. Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina. O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água. O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome. O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel. O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso. O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala. O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
Por João Cabral de Melo Neto2509/5000 Há alguma confusão sobre o que a magia realmente é. Eu acho que isso pode ser esclarecido se você olhar as primeiras descrições de magia. Magia em sua forma mais antiga é muitas vezes referida como "a arte". Eu acredito que isso seja completamente literal. Eu acredito que magia é arte e que arte, seja escrita, música, escultura ou qualquer outra forma é literalmente mágica. A arte é, como a magia, a ciência da manipulação de símbolos, palavras ou imagens para alcançar mudanças na consciência. A própria linguagem sobre magia parece estar falando tanto sobre escrita ou arte quanto sobre eventos sobrenaturais. Um grimório, por exemplo, o livro de feitiços é simplesmente uma maneira elegante de dizer gramática. De fato, lançar um feitiço é simplesmente soletrar, manipular palavras, mudar a consciência das pessoas. E acredito que é por isso que um artista ou escritor é a coisa mais próxima do mundo contemporâneo que você provavelmente verá para um xamã. Eu acredito que toda cultura deve ter surgido do culto. Originalmente, todas as torneiras de nossa cultura, seja nas artes ou nas ciências, eram da província do xamã. O fato de que, nos tempos atuais, esse poder mágico degenerou para o nível de entretenimento e manipulação baratos, é, eu acho uma tragédia. No momento, as pessoas que estão usando xamanismo e magia para moldar nossa cultura são anunciantes. Em vez de tentar acordar as pessoas, o xamanismo é usado como um ópio para tranquilizar as pessoas, para tornar as pessoas mais manipuláveis. Sua caixa mágica de televisão, e por suas palavras mágicas, seus jingles podem fazer com que todos no país pensem as mesmas palavras e tenham os mesmos pensamentos banais, todos exatamente no mesmo momento. Em toda a magia há um componente lingüístico incrivelmente grande ... Escritores e pessoas que tinham domínio das palavras eram respeitados e temidos como pessoas que manipulavam a magia. Nos últimos tempos, acho que artistas e escritores se deixaram vender no rio. Eles aceitaram a crença predominante de que arte e escrita são meras formas de entretenimento. Eles não são vistos como forças transformadoras que podem mudar um ser humano; isso pode mudar uma sociedade. Eles são vistos como entretenimento simples; coisas com as quais podemos preencher 20 minutos, meia hora, enquanto esperamos para morrer. Não é tarefa do artista dar ao público o que o público quer. Se o público soubesse o que eles precisavam, eles não seriam o público. Eles seriam os artistas. É o trabalho dos artistas para dar ao público o que eles precisam ".
Por Alan MooreA umas Saudades Parti, coração, parti, navegai sem vos deter, ide-vos, minhas saudades a meu amor socorrer. Em o mar do meu tormento em que padecer me vejo já que amante me desejo navegue o meu pensamento: meus suspiros, formai vento, com que me façais ir ter onde me apeteço ver; e diga minha alma assim: Parti, coração, parti, navegai sem vos deter. Ide donde meu amor apesar desta distância não há perdido constância nem demitido o rigor: antes é tão superior que a si se quer exceder, e se não desfalecer em tantas adversidades, Ide-vos minhas saudades a meu amor socorrer.
Por Gregório de Matos