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Juízes, JZ, 20:30, No terceiro dia, os filhos de Israel avançaram contra os filhos de Benjamim e tomaram posição de ataque contra Gibeá, como das outras vezes.

Por Juízes, Antigo Testamento

Quando já não havia outra tinta no mundo o poeta usou do seu próprio sangue. Não dispondo de papel, ele escreveu no próprio corpo. Assim, nasceu a voz, o rio em si mesmo ancorado. Como o sangue: sem voz nem nascente.

Por Mia Couto

Salmos, SL, 111:2, Grandes são as obras do Senhor, consideradas por todos os que se alegram por causa delas.

Por Salmos, Antigo Testamento

Somos livres como girassóis de Van Gogh.

Por Baco Exu do Blues

Josué, JS, 10:15, Então Josué voltou ao arraial, em Gilgal, e todo o Israel foi com ele.

Por Josué, Antigo Testamento

Criaturas, assim como as pessoas, podem mudar.

Por Godzilla vs. Kong

Filemom, FM, 1:14, Mas não quis fazer nada sem o seu consentimento, para que a sua bondade não venha a ser como que uma obrigação, mas algo que é feito de livre vontade.

Por Filemom, Novo Testamento

Marcos, MC, 6:46, E, tendo-os despedido, ele subiu ao monte para orar.

Por Marcos, Novo Testamento

Necessito de sangue em vez de lágrimas. (Hamlet)

Por William Shakespeare

Para aqueles que acreditaram no fim do mundo e para aqueles que não acreditaram: nosso mundo acaba várias vezes no espaço de uma vida. Mas sempre temos a chance de recomeçar, dando outros sentidos para as marcas que carregamos, sentidos que nos permitam criar novas versões de nós mesmos ou pelo menos olhar para a atual com mais generosidade. Um dia, porém, o meteoro chega. E chega para todos, sem que nenhum de nossos tremendos esforços e vastas ilusões seja capaz de mudar o final. São muitos os pequenos fins de mundo – e desconfio que os grandes apocalipses nos distraem dessa verdade, como tantas outras manchetes em neon que nos cegam dia após dia. É um pequeno mundo que acaba quando já não podemos contar com a ignorância que nos fazia viver como se houvesse sempre amanhã. É um pequeno mundo que acaba no primeiro cabelo branco ou na primeira queda, na primeira ruga ou na primeira dor na coluna. É um pequeno mundo que acaba no momento em que percebemos que já não seremos bailarinas clássicas ou jogadores de futebol ou escreveremos o romance que mudará a história da literatura universal ou faremos a descoberta que nos levará ao Nobel – no exato instante em que descobrimos que precisamos adaptar nossos grandes planos. (...) A cada um desses pequenos apocalipses temos a chance de recomeçar. Partidos, aos pedaços, às vezes colados como um Frankenstein de filme B. Enquanto o meteoro não chega há sempre um possível que podemos inventar. Se os anúncios de fim do mundo servem para alguma coisa, além de fazer piadas e encher os bolsos de alguns espertos, é para nos lembrar de que o mundo acaba mesmo. Não em apoteose coletiva, com dia e hora determinados, mas na tragédia individual, sem alarde e sem aviso prévio, que desde sempre está marcada na vida de cada um de nós. Meus votos de Natal e Ano-Novo pós-apocalipse são: não adiem os começos, porque o fim já está dado.

Por Eliane Brum