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EU SEI, MAS NÃO DEVIA A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora, a tomar café correndo porque está atrasado. A gente se acostuma a ler o jornal no ônibus porque não pode perder tempo na viagem, a comer sanduíches porque não tem tempo para almoçar. A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios, a ligar a televisão e assistir comerciais. A gente se acostuma a lutar para ganhar dinheiro, a ganhar menos do que precisa e a pagar mais do que as coisas valem. A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não a das janelas ao redor. A gente se acostuma a não abrir de todo as cortinas, e a medida que se acostuma, esquece o sol, o ar, a amplidão. A gente se acostuma à poluição, à luz artificial de ligeiro tremor, ao choque que os olhos levam com a luz natural. A gente se acostuma às bactérias da água potável, à morte lenta dos rios, à contaminação da água do mar. A gente se acostuma à violência, e aceitando a violência, que haja número para os mortos. E, aceitando os números, aceita não haver a paz. A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza para preservar a pele. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que de tanto se acostumar, se perde por si mesma. A gente se acostuma, eu sei, mas não devia.
Por Marina ColasantiLouco (Hora de Delírio) Não, não é louco. O espírito somente É que quebrou-lhe um elo da matéria. Pensa melhor que vós, pensa mais livre, Aproxima-se mais à essência etérea. Achou pequeno o cérebro que o tinha: Suas idéias não cabiam nele; Seu corpo é que lutou contra sua alma, E nessa luta foi vencido aquele, Foi uma repulsão de dois contrários: Foi um duelo, na verdade, insano: Foi um choque de agentes poderosos: Foi o divino a combater com o humano. Agora está mais livre. Algum atilho Soltou-se-lhe o nó da inteligência; Quebrou-se o anel dessa prisão de carne, Entrou agora em sua própria essência. Agora é mais espírito que corpo: Agora é mais um ente lá de cima; É mais, é mais que um homem vão de barro: É um anjo de Deus, que Deus anima. Agora, sim — o espírito mais livre Pode subir às regiões supernas: Pode, ao descer, anunciar aos homens As palavras de Deus, também eternas. E vós, almas terrenas, que a matéria Os sufocou ou reduziu a pouco, Não lhe entendeis, por isso, as frases santas. E zombando o chamais, portanto: - um louco! Não, não é louco. O espírito somente É que quebrou-lhe um elo da matéria. Pensa melhor que vós, pensa mais livre. Aproxima-se mais à essência etérea.
Por Junqueira FreireSou um ateu libertado de uma fé vã. Livre e capaz de discernir-me sem a ajuda de um ser imaginário e fantasioso. Me valorizo e me sinto muito capaz. Não preciso de qualquer conceito religioso pra ter boa conduta.
Por Almany SolSe a tranquilidade da água permite refletir as coisas, o que não poderá a tranquilidade do espírito?
Por Chuang TzuAs grandes esperanças moram em horizontes distantes e ainda desconhecidos.
Por D. Paulo Evaristo ArnsDisse que tá sem pressa de nós Se tu soubesse o que rola aqui dentro apressaria só por dó
Por Elana DaraO fanatismo consiste em redobrar o próprio esforço quando nos esquecemos do objetivo.
Por George SantayanaTenho de proclamar a minha incredulidade. Para mim não há nada de mais elevado que a ideia da inexistência de Deus. O homem inventou Deus para poder viver sem se matar.
Por Fiódor Dostoiévski