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FELIZ DIA DO TELEFONE (parte da crônica de João Ubaldo Ribeiro, publicada no dia 10.03.13 no Jornal O Estado de S.Paulo) "Mesmo consciente desses perigos, ouso dizer que a maior parte de vocês não sabia que hoje é o dia do telefone. Eu por acaso sabia e me lembrei assim que vi a data no calendário. E também já sabia de uma porção de coisas adicionais, inúteis mas talvez vistosas. Tudo isso, juro que é verdade, sem recorrer ao Google. Faz mais tempo que eu gostaria de admitir, escrevi um trabalho escolar sobre Alexander Graham Bell, o inventor do telefone, e não me esqueci de fatos importantíssimos. Para começar, Bell não era americano, como geralmente se pensa; era escocês. E, se vocês pasmaram com esta, pasmem com a próxima: nos primeiros telefones, não se falava e escutava ao mesmo tempo, era como nos walkie-talkies dos filmes de guerra americanos e os interlocutores tinham que dizer "câmbio", ao terminarem cada fala. E, sim, D. Pedro II garantiu o papel do Brasil no sucesso da invenção. Os historiadores americanos lembram como Sua Majestade, durante uma feira internacional em Filadélfia, ficou estupefato com o novo aparelho e exclamou: "Meu Deus, isto fala!". Parece que ele botou mais fé na novidade que os americanos, porque o presidente americano Rutherford B. Hayes declarou mais tarde que se tratava de um aparelho interessante, mas sem nenhuma utilidade. D. Pedro ganhou um e as centrais telefônicas começaram a se instalar no Brasil, notadamente no Rio de Janeiro e, segundo eu li, tinham o hábito de pegar fogo com grande frequência. O coronel Ubaldo, meu avô, como vários de seus contemporâneos, na hora de falar no telefone, botava o paletó e passava a mão na careca, parecendo ajeitar uma cabeleira invisível e, depois que contaram a ele que funcionava com eletricidade, acho que nunca mais tocou em nenhum.

Por João Ubaldo Ribeiro

Eclesiastes, EC, 2:23, Porque todos os seus dias são cheios de dor, e o seu trabalho é desgosto; nem de noite o seu coração descansa. Também isto é vaidade.

Por Eclesiastes, Antigo Testamento

O que é bom está sempre sendo destruído.

Por Donald Woods Winnicott

quando faltou luz ficou aquele breu e eu com as mãos tremendo morta de medo de tudo se iluminar de repente

Por Alice Sant'Anna

Isaías, IS, 50:3, Posso vestir os céus de escuridão e cobri-los com pano de saco.`

Por Isaías, Antigo Testamento

Foi como num carnaval Bem no final Quando fica um vazio nas ruas E os copos descartáveis no chão Dá trabalho pra limpar depois No outro dia cedinho Depois da multidão

Por A Trupe Poligodélica

Ester, ET, 4:5, Então Ester chamou Hataque, um dos eunucos do rei, que este tinha escolhido para a servir, e lhe ordenou que fosse a Mordecai para saber o que se passava e por que ele estava fazendo aquilo.

Por Ester, Antigo Testamento

Ele fere e cura.

Por Machado de Assis

Pesado é o coração do escombro de teus sonhos e dos mortos que em teus ombros repousam imortais. O amor de ontem é cinza feita chumbo. Cicatrizes e rugas lavram a tua carne de aflições temperada e a vazante das veias irriga-se de subterrâneas lágrimas antigas.

Por Astrid Cabral

⁠A verdadeira distância entre duas gerações é dada pelos elementos que têm em comum e que obrigam à repetição cíclica das mesmas experiências, como nos comportamentos das espécies animais transmitidos pela herança biológica; ao passo que os elementos da verdadeira diversidade existente entre nós e eles são, pelo contrário, o resultado das modificações irreversíveis que cada época traz consigo, ou seja, dependem da herança histórica que nós lhes transmitimos, a verdadeira herança de que somos responsáveis, mesmo que por vezes o sejamos de forma inconsciente. Por isso não temos nada a ensinar: sobre aquilo que mais se parece com a nossa experiência não podemos influir; naquilo que traz o nosso cunho, não sabemos nos reconhecer.

Por Italo Calvino