Evanescence

Como violão desafinado, coração tá bagunçado, Querendo entender o que passou, ficou em mim Dentro do coração feito uma tatuagem Que nunca vai desaparecer.

Deuteronômio, Antigo Testamento, DT, 22:10

Deuteronômio, DT, 22:10, - Não lavre a terra com junta de boi e jumento.

Ao bater com a cabeça contra as paredes, apenas conseguiu «galos».

⁠Eu sinto que as normas da sociedade, as expectativas de gênero e até a simples biologia, me obrigaram a me tornar uma pessoa que eu não reconheço, e estou irritada o tempo todo.

Tenho observado: muitas das pessoas que pedem ajuda não suportam a ideia se autoajudarem. Não têm misericórdia de si mesmas. Não têm boa vontade com o seu processo de autocura. É como se estivessem no fundo de um poço aguardando por alguém que lhes jogue uma corda, mas, quando isso acontece, só o fato de terem que laçar a corda em volta de si e darem o sinal para serem puxadas é um esforço doloroso demais para elas. Parece-me que, quando se está no fundo do poço, a pessoa precisa ser salva de si mesma. Jogar a corda não adiantará. É preciso descer onde ela está e só depois de ouvi-la e compreender suas lágrimas, você poderá se agarrar a ela e levá-la para fora - para longe de onde ela estava - para que ela enfim comece a olhar para si mesma fora do poço e comece a acreditar que há uma existência com um sentido real fora do poço.

Gotas Se ferem e se fundem? Acabam de deixar de ser a chuva. Travessas no recreio, gatinhos de um reino transparente, correm livres por vidros e corrimãos, umbrais do seu limbo, se seguem, se perseguem, talvez vão, da solidão ao casamento, a se fundir e se amar. Ilusionam outra morte.

Essa é para dias de saudade, dias nos quais o coração chega aperta mesmo que não tenha passado dois dias sequer sem vê-lo. Essa é para os dias que vão parecer menos iluminados pela falta do sorriso que ele provoca, do abraço e do brilho nos olhos. Dias em que você tem que se permitir respirar, para não pirar.

⁠A alegria corteja a luz, e pensamos que o mundo é feliz; mas a tristeza se esconde, distante, e achamos que não há infelicidade.

⁠Ela vivia ouvindo a todos, pra ela tudo importava. Hoje ela decidiu que não vai mais se importar com absolutamente nada. Porque quando ela chorou, ninguém viu. Quando a dor foi dela, só ela sentiu. Mas hoje ela tá diferente. Pode apostar, sim, senhor. Porque ou vem pra somar ou não ocupa espaço, por favor.

Nós não consertamos mais relações humanas, nós trocamos. E ao trocar sapatos, computadores e pessoas que amamos por outras pessoas, vamos substituindo a dor do desgaste pela vaidade da novidade. Ao trocar alguém, creio, imediatamente eu me torno alguém mais interessante e não percebo que aquele espelho continua sendo drama da minha vaidade.