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Puberdade senil "Ainda não sei qual é a expressão que me flerta quando miro minha face no espelho; desconheço no reflexo esse olho que me enxerga, que me escruta com a passiva ira dos tempos, insolente na sombra dos rastros de um vinco. Quando essa mão que explora traços invisíveis na deslembrança de um rosto infante, chispas de fuligem me alcançam a mente. E os meus cabelos nascem prateados. Perdi a superfície vã das coisas simples na esteira da infância, ou em puberdade senil se encontra o olho desse espelho?".
Por Clara DawnI Reis, 1RS, 4:30, A sabedoria de Salomão era maior do que a de todos os homens do Oriente e do que toda a sabedoria dos egípcios.
Por I Reis, Antigo TestamentoNada prova de forma tão conclusiva a capacidade de um homem conduzir os outros como o que ele faz dia a dia para se guiar.
Por Aaron RossGênesis, GN, 31:25, Labão alcançou Jacó. Este havia armado a sua tenda naqueles montes. Também Labão armou a sua tenda com os seus parentes, nos montes de Gileade.
Por Gênesis, Antigo TestamentoO Contrário do Amor O contrário de bonito é feio, de rico é pobre, de preto é branco, isso se aprende antes de entrar na escola. Se você fizer uma enquete entre as crianças, ouvirá também que o contrário do amor é o ódio. Elas estão erradas. Faça uma enquete entre adultos e descubra a resposta certa: o contrário do amor não é o ódio, é a indiferença. O que seria preferível, que a pessoa que você ama passasse a lhe odiar, ou que lhe fosse totalmente indiferente? Que perdesse o sono imaginando maneiras de fazer você se dar mal ou que dormisse feito um anjo a noite inteira, esquecido por completo da sua existência? O ódio é também uma maneira de se estar com alguém. Já a indiferença não aceita declarações ou reclamações: seu nome não consta mais do cadastro. Para odiar alguém, precisamos reconhecer que esse alguém existe e que nos provoca sensações, por piores que sejam. Para odiar alguém, precisamos de um coração, ainda que frio, e raciocínio, ainda que doente. Para odiar alguém gastamos energia, neurônios e tempo. Odiar nos dá fios brancos no cabelo, rugas pela face e angústia no peito. Para odiar, necessitamos do objeto do ódio, necessitamos dele nem que seja para dedicar-lhe nosso rancor, nossa ira, nossa pouca sabedoria para entendê-lo e pouco humor para aturá-lo. O ódio, se tivesse uma cor, seria vermelho, tal qual a cor do amor. Já para sermos indiferentes a alguém, precisamos do quê? De coisa alguma. A pessoa em questão pode saltar de bungee-jumping, assistir aula de fraque, ganhar um Oscar ou uma prisão perpétua, estamos nem aí. Não julgamos seus atos, não observamos seus modos, não testemunhamos sua existência. Ela não nos exige olhos, boca, coração, cérebro: nosso corpo ignora sua presença, e muito menos se dá conta de sua ausência. Não temos o número do telefone das pessoas para quem não ligamos. A indiferença, se tivesse uma cor, seria cor da água, cor do ar, cor de nada. Uma criança nunca experimentou essa sensação: ou ela é muito amada, ou criticada pelo que apronta. Uma criança está sempre em uma das pontas da gangorra, adoração ou queixas, mas nunca é ignorada. Só bem mais tarde, quando necessitar de uma atenção que não seja materna ou paterna, é que descobrirá que o amor e o ódio habitam o mesmo universo, enquanto que a indiferença é um exílio no deserto.
Por Martha MedeirosSim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas, nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.
Por Clarice LispectorLamentações de Jeremias, LM, 4:20, O ungido do Senhor, que era o nosso alento, foi preso nas armadilhas deles. Dele dizíamos: ´Debaixo da sua sombra, viveremos entre as nações.` Chim -
Por Lamentações de Jeremias, Antigo TestamentoEm um jardim havia, uma doce e bela flor, ela era minha alegria, uma joia de valor, Todas as manhãs a via, no alvorar do dia, saudades dela sentia, e beija la muito queria, Em uma noite fria, a fúria do vento despertou, uma grande chuva caia, e uma tempestade se formou, Pela manhã em agonia, meu voo ágil ficou, o coração forte batia, e a alma sentida despertou, Ao me aproximar tremia, com choros e agonia, pois o jardim da minha alegria, ali não mais existia, Hoje no meu canto ha tristeza, lágrimas de tanta dor, pela correnteza foi levada, a vida do meu grande amor, Só tenho em mim a partida, do amor que me deixou, e em outros jardins encontro, os frutos da minha bela flor...
Por Cecilia Sfalsin