Raul Seixas

Os ombros suportam o mundo, chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus. Tempo de absoluta depuração. Tempo em que não se diz mais: meu amor, porque o amor resultou inútil. E os olhos não choram. E as mãos tecem apenas o rude trabalho. E o coração está seco.

Talvez a coisa mais “espiritual” que qualquer um de nós possa fazer é simplesmente olhar por nossos próprios olhos, enxergar com plenitude e agir com integridade e bondade.

Jó, Antigo Testamento, JÓ, 12:4

Jó, JÓ, 12:4, Eu sou motivo de riso para os meus amigos - eu, que invocava a Deus, e ele me respondia; o justo e o reto são motivo de riso.

Há uma espécie de gratidão mesquinha.

O brasileiro, logo que enriquece um pouco, dá-se por satisfeito, julga-se muito rico, descansa, diverte-se. Aparece-lhe o espírito latino, que o domina e o limita. O americano prossegue sempre no caminho da riqueza. Nada lhe basta. Aspira a um poder fabuloso da riqueza. Tem o culto do ilimitado.

Primavera. Chuva. A moça de rosto molhado: sombrinha furada.

Lucas, Novo Testamento, LC, 22:18

Lucas, LC, 22:18, <J>Pois eu digo a vocês que, de agora em diante, não mais beberei do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus.</J>

Não é engraçado como as memórias que você mais ama antes de uma separação, se tornam nos seus piores inimigos depois? Os pensamentos que você adorava lembrar, as memórias que você gostava de ver de cada ângulo possível - de repente é muito mais seguro guardá-las numa caixa, longe da luz do dia e jogar fora a chave. Não é um ato de amargura. É um ato de auto-preservação.

A única maneira de manter uma fantasia intacta é não vivê-la.

⁠Tudo aquilo de que viveste e de que vives é uma mentira, um embuste, que oculta de ti a vida e a morte.