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Minha cabeça estremece com todo o esquecimento. Eu procuro dizer como tudo é outra coisa. Falo, penso. Sonho sobre os tremendos ossos dos pés. É sempre outra coisa, uma só coisa coberta de nomes. E a morte passa de boca em boca com a leve saliva, com o terror que há sempre no fundo informulado de uma vida. Sei que os campos imaginam as suas próprias rosas. As pessoas imaginam os seus próprios campos de rosas. E às vezes estou na frente dos campos como se morresse; outras, como se agora somente eu pudesse acordar. Por vezes tudo se ilumina. Por vezes canta e sangra. Eu digo que ninguém se perdoa no tempo. Que a loucura tem espinhos como uma garganta. Eu digo: roda ao longe o outono, e o que é o outono? As pálpebras batem contra o grande dia masculino do pensamento. Deito coisas vivas e mortas no espírito da obra. Minha vida extasia-se como uma câmara de tochas.
Por Herberto HelderNúmeros, NM, 14:25, Ora, os amalequitas e os cananeus habitam no vale; portanto, amanhã mudem de rumo e caminhem para o deserto, pelo caminho do mar Vermelho.
Por Números, Antigo TestamentoNo pequeno museu sentimental No pequeno museu sentimental os fios de cabelo religados por laços mínimos de fita são tudo que dos montes hoje resta, visitados por mim, montes de Vênus. Apalpo, acaricio a flora negra, a negra continua, nesse branco total do tempo extinto em que eu, pastor felante, apascentava caracóis perfumados, anéis negros, cobrinhas passionais, junto do espelho que com elas rimava, num clarão. Os movimentos vivos no pretérito enroscam-se nos fios que me falam de perdidos arquejos renascentes em beijos que da boca deslizavam para o abismo de flores e resinas. Vou beijando a memória desses beijos.
Por Carlos Drummond de AndradeDILACERAÇÕES Ó carnes que eu amei sangrentamente, ó volúpias letais e dolorosas, essências de heliotropos e de rosas de essência morna, tropical, dolente... Carnes, virgens e tépidas do Oriente do Sonho e das Estrelas fabulosas, carnes acerbas e maravilhosas, tentadoras do sol intensamente... Passai, dilaceradas pelos zelos, através dos profundos pesadelos que me apunhalam de mortais horrores... Passai, passai, desfeitas em tormentos, em lágrimas, em prantos, em lamentos em ais, em luto, em convulsões, em dores...
Por Cruz e SousaA Infidelidade é como apanhar o seu sócio roubando dinheiro do caixa. No fim tudo dá certo, se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim. Não confio em produto local. Sempre que viajo levo meu uísque e minha mulher. Aqui jaz Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino. Y - Letra que devia ser abolida, como fizeram com o K e o W (ou não fizeram?) e escrever logo tudo com i. Analfabetismo - Ninguém precisa aprender a ler para trabalhar na enxada. - Não precisamos de escolas: precisamos de médicos. - Mas a ignorância é responsável pela doença e a miséria! - Saem da escola e na roça esquecem o que aprenderam. - Não querem mais voltar para a lavoura.
Por Fernando SabinoEu pensei saber de amor, pensei. Mas só agora eu sei quanto me enganei. Você chegou e veio me ensinar que o amor é o Sol, é o calor, é a vida a cantar.
Por Agnaldo RayolLamentações de Jeremias, LM, 3:9, Fechou os meus caminhos com blocos de pedra, fez tortuosas as minhas veredas. Dálete -
Por Lamentações de Jeremias, Antigo TestamentoJosué, JS, 21:31, Helcate com os seus arredores e Reobe com os seus arredores. Ao todo, quatro cidades.
Por Josué, Antigo Testamento