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A rosa não buscava a aurora: quase eterna no ramo buscava outra coisa. A rosa não buscava ciência nem sombra: confim de carne e sonho, buscava outra coisa. A rosa não buscava a rosa: imóvel pelo céu buscava outra coisa.
Por Federico García LorcaAssim como a navalha se afia melhor com azeite,a espiritualidade se exerce melhor com cortesia sem estarem cuidadosamente afiadas ambas machucam.
Por Edward YoungSoneto XXXVIII Quando a chuva cessava e um vento fino franzia a tarde tímida e lavada, eu saía a brincar, pela calçada, nos meus tempos felizes de menino. Fazia, de papel, toda uma armada, e estendendo meu braço pequenino, eu soltava os barquinhos, sem destino. ao longo das sarjetas, na enxurrada... Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles, que não são barcos de ouro os meus ideais: são de papel, são como aqueles, perfeitamente, exatamente iguais... _Que meus barquinhos, lá se foram eles! Foram-se embora e não voltaram mais!
Por Guilherme de AlmeidaO tempo adiado Vêm aí dias piores. O tempo adiado até nova ordem surge no horizonte. Em breve deves amarrar os sapatos e espantar os cães para os charcos. Pois as vísceras dos peixes esfriaram no vento. A luz da anileira arde pobremente. Teu olhar pressente a penumbra: o tempo adiado até nova ordem desponta no horizonte. Do outro lado afunda tua amada na areia, ele sobe-lhe pelo cabelo esvoaçante, ele corta-lhe a palavra, ele ordena-lhe silêncio, ele encontra-a mortal e pronta para a despedida depois de cada abraço. Não olha para trás. Amarra teus sapatos. Espanta os cães. Joga os peixes ao mar. Anula a anileira! Vêm aí dias piores.
Por Ingeborg BachmannSim, e quantas vezes um homem precisará olhar para cima Antes que ele possa ver o céu? Sim, e quantas orelhas um homem precisará ter Antes que ele possa ouvir as pessoas chorar? Sim, e quantas mortes ele causará até saber Que pessoas demais morreram?
Por Bob Dylan