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Acto de Contrição Pela luz rara da garagem dois vultos vão pôr o lixo. São velhos desconhecidos. Um ao outro dão passagem (a máscara de um cumprimento) esquivos na escatológica arqueologia das misérias. Homens de lixo na mão: exímios a ocultar versos da vida doméstica (quando o gesto liso cabe ao avental abundante que os devolve a casa). Há em todo esse agravo uma redenção ferida (um juízo resolvido) como que um indulto lento.
Por João Luís Barreto GuimarãesSalmos, SL, 147:4, Conta o número das estrelas, chamando-as todas pelo seu nome.
Por Salmos, Antigo TestamentoII Samuel, 2SM, 2:15, Então se levantaram e avançaram em igual número: doze de Benjamim, da parte de Isbosete, filho de Saul, e doze dos homens de Davi.
Por II Samuel, Antigo TestamentoMateus, MT, 27:39, Os que iam passando blasfemavam contra ele, balançando a cabeça e dizendo:
Por Mateus, Novo TestamentoJuízes, JZ, 10:2, Julgou Israel durante vinte e três anos. Depois morreu e foi sepultado em Samir.
Por Juízes, Antigo TestamentoTodos os dias uma peça musical, um conto ou um poema morrem porque sua existência já não se justifica em nosso tempo. E as coisas que antes eram consideradas imortais tornaram-se mortais outra vez, ninguém mais as conhece. Mesmo que elas mereçam sobreviver.
Por Elfriede JelinekQue canto há de cantar o que perdura? A sombra, o sonho, o labirinto, o caos A vertigem de ser, a asa, o grito. Que mitos, meu amor, entre os lençóis: O que tu pensas gozo é tão finito E o que pensas amor é muito mais. Como cobrir-te de pássaros e plumas E ao mesmo tempo te dizer adeus Porque imperfeito és carne e perecível E o que eu desejo é luz e imaterial. Que canto há de cantar o indefinível? O toque sem tocar, o olhar sem ver A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis. Como te amar, sem nunca merecer?
Por Hilda HilstGostaria de poder jogar fora os pensamentos que envenenam minha felicidade. E, mesmo assim, sinto certo prazer em ceder a eles.
Por Frédéric ChopinDeve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício.
Por Graciliano Ramos