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Gênesis, GN, 24:38, Pelo contrário, vá à casa de meu pai e à minha família e ali busque uma esposa para o meu filho.`
Por Gênesis, Antigo TestamentoOs Três Mal-Amados Olho Teresa, vejo-a sentada aqui a meu lado. A poucos centímetros da mim. A poucos centímetros, muitos quilômetros. Por que essa impressão de que precisaria de quilômetros para medir a distância, o afastamento em que a vejo nesse momento? Olho Teresa como se olhasse o retrato de uma antepassada que tivesse vivido em outro século. Ou como se olhasse um vulto em outro continente, através de um telescópio. Vejo-a como se cobrisse a poeira tenuíssima ou o ar quase azul que envolvem as pessoas afastadas de nós muitos anos e léguas. Posso dizer dessa moça a meu lado que é a mesma Teresa que durante todo o dia de hoje, por efeito do gás do sonho, senti pegada a mim? Esta é a mesma Teresa que na noite passada conheci em toda intimidade? Posso dizer que a vi, falhei-le, posso dizer que a tive em toda intimidade? Que intimidade existe maior que a do sonho? A desse sonho que ainda trago em mim como um objeto que me pesasse no bolso? Ainda me parece sentir o mar do sonho que inundou meu quarto. Ainda sinto a onda chegando à minha cama. Ainda me volta o espanto de despertar entre móveis e paredes que eu não compreendia pudessem estar enxutos. E sem nenhum sinal dessa água que o sol secou mas de cujo contacto ainda me sinto friorento e meio úmido (penso agora que seria mais justo, do mar do sonho, dizer que o sol o afugentou, porque os sonhos são como as aves, não apenas porque crescem e vivem no ar) Teresa aqui está, ao alcance de minha mão, de minha conversa. Por que, entretanto, me sinto sem direitos fora daquele mar? Ignorante dos gestos, das palavras? O sonho volta, me envolve novamente. A onda torna a bater em minha cadeira, ameaça chegar até a mesa. Penso que, no meio de toda essa gente de terra, gente que parece ter criado raízes, como um lavrador ou uma colina, sou o único a escutar esse mar. Talvez Teresa... Talvez Teresa... sim, quem me dirá que esse oceano não nos é comum? Posso esperar que esse oceano nos seja comum? Um sonho é uma criação minha, nascida de meu tempo adormecido, ou existe nele uma participação de fora, de todo o universo, de uma geografia, sua história, sua poesia? O arbusto ou a pedra aparecida em qualquer sonho pode ficar indiferente à vida de que está participando? Pode ignorar o mundo que está ajudando a povoar? É possível que sintam essa participação, esses fantasmas, essa Teresa, por exemplo, agora distraída e distante? Há algum sinal que faça compreender termos sido, juntos, peixes de um mesmo mar? Donde me veio a idéia de que Teresa talvez participe de um universo privado, fechado em minha lembrança, desse mundo que através de minha fraqueza eu me compreendi ser o único onde será possível cumprir os atos mais simples, como por exemplo caminhar, beber um copo de água, escrever meu nome, nada, nem mesmo Teresa.
Por João Cabral de Melo NetoFicção científica Depois de uma viagem Pelo espaço sideral, O astronauta chegou Ao seu destino final: Um planeta diferente Cujo em cima ficava embaixo E o atrás ficava na frente. Um planeta tão estranho Que a sujeira era limpa E a água tomava banho Um planeta mesmo louco Onde o muito era nada E o tudo muito pouco Um planeta dos mais raros O seu ouro era de graça, O lixo custava caro. O astronauta não gostou E foi-se embora. Quando Pensou estar muito longe Viu-se outra vez chegando Num planeta onde, aliás, O embaixo ficava em cima E a frente ficava por trás...
Por José Paulo PaesGênesis, GN, 9:6, Se alguém derramar o sangue de uma pessoa, o sangue dele será derramado por outra pessoa; porque Deus fez o ser humano segundo a sua imagem.
Por Gênesis, Antigo TestamentoParece-me que se você ou eu devemos escolher entre dois cursos: o pensamento ou a ação, devemos lembrar-nos de nossa morte e a tentativa assim para viver que ela não traga nenhum prazer ao mundo.
Por John SteinbeckIsaías, IS, 10:25, Pois daqui a bem pouco se cumprirá a minha indignação e a minha ira, para a consumir.
Por Isaías, Antigo TestamentoEu não consigo engolir essas verdades calculadas Essas respostas encaixadas que limitam o meu saber O saber de sentir a esperança de tentar evoluir Sem enxergar o fim da linha mesmo se ela não existir
Por Jade BaraldoII Reis, 2RS, 10:25, Logo que acabou de oferecer o holocausto, Jeú ordenou aos guardas e aos capitães: - Entrem e matem todos! Não deixem que nenhum escape! E eles os mataram a fio de espada. Os guardas e os capitães os lançaram fora. Depois entraram no mais interior do templo de Baal,
Por II Reis, Antigo TestamentoAlvejava de neve outrora a rosa, Nem como agora, doce recendia; Baixo voava Amor sem tento um dia, E na rama espinhosa De sua flor virgínea se feria. Do sangue divina! gota amorosa Da ligeira ferida lhe corria, E as flores da roseira onde caía Tomavam do encarnado a cor lustrosa. Agora formosa A rúbida flor Recorda de Amor A chaga ditosa. Para os braços da mãe voou chorando; Um beijo lhe acalmou penas e ardores: E tão doce o remédio achou das dores, Que Amor só desejou de quando em quando Que assim penando, Com seus clamores Novos favores Fosse alcançando. Súbito voa, pelos ares fende; As rosas viu de sua dor trajadas, E que só de suas glórias namoradas Nada dissessem com razão se ofende: A mão lhe estende, E delicioso Cheiro amoroso Nelas recende. Vós que as rosas gentis buscais, amantes, Nos jardins do prazer, E, em vez da flor, espinhos penetrantes Só chegais acolher, Resignados sofrei, sede constantes, Que a desventura, Que a mágoa e dor Sempre em doçura Converte Amor.
Por Almeida Garrett