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A porta da felicidade abre só para o exterior; quem a força em sentido contrário acaba por fechá-la ainda mais.
Por Soren KierkegaardCompra não o que consideras oportuno, mas o que te falta; o supérfluo é caro, mesmo que custe apenas um soldo.
Por CatãoTinha sido apenas um sorriso, e nada mais. As coisas não iam se ajeitar por causa disso. Aliás, nada ia se ajeitar por causa disso. Só um sorriso. Um sorriso minúsculo. Uma folhinha em um bosque, balançando com o movimento de um pássaro que alça vôo. Mas me agarrei àquilo. Com os braços bem abertos. Porque, quando chega a primavera, a neve vai derretendo floco a floco, e talvez eu tivesse simplesmente testemunhando o primeiro floco que se derretia. Saí correndo. Um adulto correndo em meio a um enxame de crianças que gritavam. Mas nem me importei. Saí correndo, com o vento batendo no rosto e um sorriso tão grande quanto o vale Panjsher nos lábios. Saí correndo. Trecho do livro: O Caçador de Pipas
Por Khaled HosseiniPara aqueles que acreditaram no fim do mundo e para aqueles que não acreditaram: nosso mundo acaba várias vezes no espaço de uma vida. Mas sempre temos a chance de recomeçar, dando outros sentidos para as marcas que carregamos, sentidos que nos permitam criar novas versões de nós mesmos ou pelo menos olhar para a atual com mais generosidade. Um dia, porém, o meteoro chega. E chega para todos, sem que nenhum de nossos tremendos esforços e vastas ilusões seja capaz de mudar o final. São muitos os pequenos fins de mundo – e desconfio que os grandes apocalipses nos distraem dessa verdade, como tantas outras manchetes em neon que nos cegam dia após dia. É um pequeno mundo que acaba quando já não podemos contar com a ignorância que nos fazia viver como se houvesse sempre amanhã. É um pequeno mundo que acaba no primeiro cabelo branco ou na primeira queda, na primeira ruga ou na primeira dor na coluna. É um pequeno mundo que acaba no momento em que percebemos que já não seremos bailarinas clássicas ou jogadores de futebol ou escreveremos o romance que mudará a história da literatura universal ou faremos a descoberta que nos levará ao Nobel – no exato instante em que descobrimos que precisamos adaptar nossos grandes planos. (...) A cada um desses pequenos apocalipses temos a chance de recomeçar. Partidos, aos pedaços, às vezes colados como um Frankenstein de filme B. Enquanto o meteoro não chega há sempre um possível que podemos inventar. Se os anúncios de fim do mundo servem para alguma coisa, além de fazer piadas e encher os bolsos de alguns espertos, é para nos lembrar de que o mundo acaba mesmo. Não em apoteose coletiva, com dia e hora determinados, mas na tragédia individual, sem alarde e sem aviso prévio, que desde sempre está marcada na vida de cada um de nós. Meus votos de Natal e Ano-Novo pós-apocalipse são: não adiem os começos, porque o fim já está dado.
Por Eliane BrumQuando as injustiças sociais atingem o clímax e a indiferença dos governantes pelo povo que estorcega nas amarras das necessidades diárias, sob o açodar dos conflitos íntimos e do sofrimento que se generaliza, nas culturas democráticas, as massas correm às ruas e às praças das cidades para apresentar o seu clamor, para exigir respeito, para que sejam cumpridas as promessas eleitoreiras que lhe foram feitas... Já não é mais possível amordaçar as pessoas, oprimindo-as e ameaçando-as com os instrumentos da agressividade policial e da indiferença pelas suas dores. O ser humano da atualidade encontra-se inquieto em toda parte, recorrendo ao direito de ser respeitado e de ter ensejo de viver com o mínimo de dignidade. Não há mais lugar na cultura moderna, para o absurdo de governos arbitrários, nem da aplicação dos recursos que são arrancados do povo para extravagâncias disfarçadas de necessárias, enquanto a educação, a saúde, o trabalho são escassos ou colocados em plano inferior. A utilização de estatísticas falsas, adaptadas aos interesses dos administradores, não consegue aplacar a fome, iluminar a ignorância, auxiliar na libertação das doenças, ampliar o leque de trabalho digno em vez do assistencialismo que mascara os sofrimentos e abre espaço para o clamor que hoje explode no País e em diversas cidades do mundo. É lamentável, porém, que pessoas inescrupulosas, arruaceiras, que vivem a soldo da anarquia e do desrespeito, aproveitem-se desses nobres movimentos e os transformem em festival de destruição. Que, para esses inconsequentes, sejam aplicadas as corrigendas previstas pelas leis, mas que se preservem os direitos do cidadão para reclamar justiça e apoio nas suas reivindicações. O povo, quando clama em sofrimento, não silencia sua voz, senão quando atendidas as suas justas reivindicações. Nesse sentido, cabe aos jovens, os cidadãos do futuro, a iniciativa de invectivar contra as infames condutas... porém, em ordem e em paz.
Por Divaldo FrancoFESTA Eu desdobrei minha orfandade sobre a mesa, como um mapa. Desenhei o itinerário para meu lugar ao vento. Os que chegam não me encontram. Os que espero não existem. E bebi licores furiosos para transmutar os rostos em um anjo, em copos vazios.
Por Alejandra PizarnikDeuteronômio, DT, 23:8, Os filhos que lhes nascerem na terceira geração, cada um deles poderá entrar na assembleia do Senhor.
Por Deuteronômio, Antigo TestamentoQuer saber de uma coisa? Tudo pode ser bom, ruim e principalmente assim assim. Tudo ao mesmo tempo ou não, e não necessariamente nessa ordem. Bom é chegar na praia à tardinha, anúncio de por de Sol, a água de ondas mansinhas. Jogar bola na espuma e sob o céu encaixa como se fora Tafaréu. É bom também quando começa a chover e as gotas fazem cócegas na superfície do mar. Como se um cardume infinito prometesse matar a fome de todo o Vidigal, Rocinha, Cidade de Deus e Vigário Geral. Ruim é lembrar daquele amigo que de prancha na mão morreu de um beijo roubado de um raio, da lembrança a correria. O medo... o medo... medo é bom, ruim é o medo de ter medo! Bom voltar trocar chuva por chopp e passar atrás da pelada. A bola vai pra fora e como na crônica de Rubem Braga sobra pra você. Que mata no peito faz embaixadinha e devolve redondo... Num chute perfeito. Ruim é a fisgada na coxa sair mancando disfarçadamente... A vergonha de ta decadente não é ruim, ruim é o orgulho que se nega a reconhecer a decadência. É bom a cidade estranha em que você nunca esteve e sabe que nunca mais vai voltar. E nesse lugar você tem uma obrigação sem graça que cumpre com estilo e precisão traçando um dia perfeito no arco do tempo. Quando cai a noite é bom tomar um banho e sob o chuveiro é bom sentir saudade, ruim é não ter saudade, e como é bom sair sem direção pelas ruas da cidade pensando no que você fez da sua vida e no que a vida fez em você. Bom é sonhar, realizar não é tão bom, mas ruim mesmo é não realizar. O fim de um grande amor é muito, muito ruim, um grande amor não tem fim! Bom é amar, ruim é amar... Bom é encarar a vida com fantasia. Quando um poeta desaparece é bom colocar chapéu de Bogar que tudo pode solucionar... Ruim é encontrar o precipício, morrer não deve ser tão ruim assim... E pode ser bom falar sobre bom e ruim, e pode ser pior assim assim... Bom!
Por Pedro Bial