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Marcos, MC, 2:22, <J>E ninguém põe vinho novo em odres</J> <J>velhos, porque, se fizer isso, o vinho romperá os odres e se perdem tanto o vinho como os odres. Mas põe-se vinho novo em odres novos.</J>
Por Marcos, Novo TestamentoNoites de junho, noites de outrora Junho acabou e eu nem sofri com isso. Sei que alguns lugares as festas ainda teimam em sobreviver, mais por vício de calendário e pesquisa mercadológica do que por necessidade. Considero obscena a decoração que as lojas comerciais promovem em nome de uma tradição que não mais existem, as bandeirinhas de papel fino, os balões armados com arame e plástico, as fogueiras de mentirinha, movidas a ventilador. No adro de algumas igrejas, também há movimento, mas sem empolgação, lucro das barraquinhas mudará as telhas quebradas dos templos, alguns deles aos pedaços. Não sei como as coisas se passam em outros sítios. Aqui, no Rio, é uma calamidade, os jardins de infância faturam por fora em nome dos santos juninos, e os pais são obrigados a gastar os tubos com fantasias caipiras que as crianças sem entender e sem amar. Até o presidente da republica bota na cabeça um chapéu de palha em frangalhos e convida os ministros para um quentão oficial geralmente substituído por uísque 12 anos. Da antiga e bonita tradição das festas de Santo Antônio e São João não sobrou nada, apenas a referencia no calendário e a advertência anual das autoridades a respeito de os balões e fogos. Pois foi por aí que a festa acabou. Reconheço os motivos que obrigaram o governo, em seus diferentes níveis, a proibir os balões. Mas que diabos na minha infância, o céu ficava pintado de balão-como lembra a marchinha de Assis Valente. As casas eram mais frágeis, mais espaçadas, havia matagais em abundancia na paisagem e mesmo assim os incêndios eram poucos. Que me lembre nunca vi incêndio provocado por balão, embora meu pai, nos anos de infância, fosse famoso baloeiro entre os baloeiros mais famosos. Foi talvez a única arte em que se distinguiu,nas demais foi um desastre. Os preparativos começavam no mês de maio, as resmas de papel fino sueco, era o melhor e o mais resistente, de cores mais cintilantes e duradouras. Os balões se amontoavam pelas salas e quartos, pendurados em varas, ganchos, em cima dos armários, deles saia um cheiro de cola de farinha de trigo e do papel importado. Ali eles aguardavam a noite mágica em que subiriam ao céu. Murchos, coloridos e disformes, pareciam monstruosas fantasias de palhaços, sem alma, sem chama, à espera do momento em que entrariam em cena , no imenso espaço da noite de junho. Mas dia 13 (Santo Antônio) ou dia 24 (São João), eles se erguiam, iluminados, varando espaço majestosamente, enquanto aqui embaixo ficávamos, ao redor da fogueira, olhando atônitos aquela beleza que subia, frágil e poderosa. Eram enormes os balões e belos. Lá distante, da sala onde funcionava a primeira radio vitrola que meu pai comprara na casa Edison, provavelmente a prazo, vinha a marchinha de Assis Valente na voz de Carlos Galhardo. “Cai, cai balão/ não deixa o vento te levar/ quem sobe muito/ cai depressa sem voar/ e a ventania/ de tua queda vai zombar/ cai, cai balão/não deixa o vento te levar ” Mas os ventos levavam os balões e eles sumiam na imensa enseada da noite. Mais um pouco e as fogueiras ficavam reduzidas a cinza, onde se assavam batatas-doce e roletes de cana. Enquanto isso os balões voavam pela madrugada, silenciosos, buchas apagadas. Manoel Bandeira tem versos pungentes sobre os balões apagados das madrugadas, no poema que foi o primeiro que entendi e amei. (“Profundamente”). Vivi a mesma experiência: acordava no meio da noite e pensava em todos os que estavam dormindo, profundamente, e de repente um balão apagado passava em silêncio pela minha janela, vindo de longe, cansado sem gloria, cumprindo seu destino de balão. Todos estavam dormindo, menos eu, vigiando o céu, esperando que um deles viesse cair em nosso quintal. Alvoroçado acordava meu pai e íamos juntos e orgulhosos apanhar a dádiva que os céus nos mandara. Pois é! As fogueiras acabaram mesmo. As noites de junho eram as mais frias do ano. E as festas também estão acabando. Mas não posso deixar de lembrar os balões que nunca me libertaram do seu legado de tristeza, mansidão e fragilidade.
Por Carlos Heitor ConyIsaías, IS, 26:12, Senhor, concede-nos a paz, porque todas as nossas obras tu as fazes por nós.
Por Isaías, Antigo Testamento"Só qualificamos como loucos os que são incapazes de disciplinar seus sentimentos o suficiente para permitir à inteligência submeter-se às leis da razão. [...]Por leviandade ou por fraqueza poucos homens são realmente capazes dessa disciplina. A maior parte se deixa levar pelos impulsos do sentimento: são os desequilibrados, os incoerentes, os fracos, os instáveis que, segundo certos alienistas, representam parte considerável da humanidade!"
Por Jules PayotA arara é uma ave rara pois o homem não pára de ir ao mato caçá-la para a pôr na sala em cima de um poleiro onde ela fica o dia inteiro fazendo escarcéu porque já não pode voar pelo céu. E se o homem não pára de caçar arara, hoje uma ave rara, ou a arara some ou então muda seu nome para arrara.
Por José Paulo PaesMuitos chamados, poucos escolhidos. Muitos dormem. Poucos despertam. Muitos reprovam. Poucos ajudam. Muitos aproveitam. Poucos semeiam. Muitos estudam. poucos aprendem. Muitos determinam. Poucos executam. Muitos suspiram pela felicidade. Poucos se conformam com o suor. Muitos reclamam. Poucos cooperam. Muitos sonham. Poucos fazem. Muitos aconselham o bem. Poucos acompanham-no. Muitos pedem. Poucos dão. Muitos desejam. Poucos trabalham. Muitos perturbam. Poucos servem. Muitos exigem. Poucos colaboram. Muitos esperam. Poucos se movimentam. Muitos apelam. Poucos atendem. Muitos cobram. Poucos perdoam. Muitos falam de Jesus. Poucos o seguem. Na grande escola que é o mundo, o Senhor convida todos nós, todos os dias para o trabalho de cooperação e aproveitamento das lições do Evangelho. Poucos no entanto, ouvem esse chamado. Poucos compreendem a sua parte no apostolado do amor. Aproveita o teu dia e te coloca em posição de servir. Pare com as queixas e ofereça abertamente o teu trabalho, a tua disposição na "turma da luz", nos mensageiros da boa nova que é viva e pede mais do que palavras, pede exemplos vivos da fé. (Baseado em mensagem de André Luiz de 1951 em Pedro Leopoldo "que ele me perdoe o atrevimento de acrescentar a minha pitada" , por Chico Xavier)
Por Paulo Roberto GaefkeQuando eu vou na cidade tenho a impressão de que estou no paraíso. Acho sublime ver aquelas mulheres e crianças tão bem vestidas. Tão diferentes da favela. As casas com seus vasos de flores e cores variadas. Aquelas paisagens há de encantar os visitantes de São Paulo, que ignoram que a cidade mais afamada da América do Sul está enferma. Com as suas úlceras. As favelas.
Por Carolina Maria de Jesus