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Quando as coisas se quebram, não é o ato de quebrar em si que impede que elas se refaçam. É porque um pedacinho se perde – as duas bordas que restam não se encaixam, mesmo que queiram. A forma inteira mudou.
Por David LevithanO Mapa Olho o mapa da cidade Como quem examinasse A anatomia de um corpo... (E nem que fosse o meu corpo!) Sinto uma dor infinita Das ruas de Porto Alegre Onde jamais passarei... Há tanta esquina esquisita, Tanta nuança de paredes, Há tanta moça bonita Nas ruas que não andei (E há uma rua encantada Que nem em sonhos sonhei...) Quando eu for, um dia desses, Poeira ou folha levada No vento da madrugada, Serei um pouco do nada Invisível, delicioso Que faz com que o teu ar Pareça mais um olhar, Suave mistério amoroso, Cidade de meu andar (Deste já tão longo andar!) E talvez de meu repouso...
Por Mario QuintanaMas... E eu que achei que a lua não brilhasse sobre os mortos no campo da guerrilha, sobre a relva que encobre a armadilha ou sobre o esconderijo da quadrilha, mas brilha. E achei que nenhum pássaro cantasse se um lavrador não mais colhe o que planta, se uma família vai dormir sem janta com um soluço preso na garganta, mas canta. Também pensei que a chuva não regasse a folha cujo leite queima e cega, a carnívora flor que o inseto pega ou o espinho oculto na macega, mas rega. Também pensei que o orvalho não beijasse a venenosa cobra que rasteja no silêncio da noite sertaneja, sobre as ruínas de esquecida igreja, mas beija. Imaginei que a água não lavasse o chicote que em sangue se deprava quando, de forma monstruosa e brava, abre trilhas de dor na pele escrava, mas lava. Apostei que nenhuma borboleta - por ser um vivo exemplo de esperança - dançaria contente, leve e mansa sobre o túmulo de uma criança, mas dança. E eu pensei que o sol não mais aquecesse os campos que a guerra empobrece, onde tomba do homem a própria espécie e a sombra da dor enlouquece, mas aquece. Por isso achei que eu não mais fizesse poema algum após tanto embaraço, tanta decepção, tanto cansaço e tanta espera, em vão, por teu abraço, mas faço.
Por Antonio Roberto Fernandes"Se alguém que sempre rejeitou a oração começa a orar em seu leito de morte, é mais provável que seja uma manifestação do medo ou da dor do que uma súbita mudança de crença."
Por Christopher HitchensSalmos, SL, 68:25, Os cantores iam na frente, atrás vinham os tocadores de instrumentos de cordas, em meio às moças com tamborins.
Por Salmos, Antigo Testamento