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Fuga em azul menor O meu rosto de terra ficará aqui mesmo no mar ou no horizonte. Ficará defronte à casa onde morei. Mas o meu rosto azul, O meu rosto de viagem, esse, irá pra onde irei. Todo o mundo físico que gorjeia lá fora não me procure agora. Embarquei numa nuvem por um vão de janela dos meus cinco sentidos. E que adianta a alegria dizer que estou presente com o meu rosto de terra se não estou em casa? Inútil insistência. Cortei em mim a cauda das formas e das cores. (A abstração é uma forma de se inventar a ausência) e estou longe de mim nesta viagem abstrata sem horizonte e fim. Um dia voltarei qual pássaro marítimo, numa tarde bem mansa à hora do sol posto. Então, loura criança, Ouvirás o meu ritmo e me perguntarás: quem és tu, pobre ser? Mas, eu vim de tão longe e tão azul de rosto que não me podes ver. A graça de quem mora no país da ausência certo consiste nisto: ficar azul de rosto pra não poder ser visto.
Por Cassiano RicardoAtos, AT, 4:23, Uma vez soltos, Pedro e João procuraram os irmãos e lhes contaram tudo o que os principais sacerdotes e os anciãos lhes tinham falado.
Por Atos, Novo TestamentoPodem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem. Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele. Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências. O que for, quando for, é que será o que é.
Por Alberto CaeiroSomos delicados demais para o nascimento e é preciso disfarçar todos os perigos desta vida.
Por Cristovão TezzaSalmos, SL, 139:11, Se eu digo: ´As trevas, com certeza, me encobrirão, e a luz ao redor de mim se fará noite`,
Por Salmos, Antigo TestamentoCalma menina, Eu sei que amar doeu, Mas não desista, Ainda és apenas uma criança. Eu bem sei que a vida não é brincadeira, Mas não era pra ser assim. Em algum lugar há de estar os que sabem amar, Por isso prossiga. Em algum canto reside a reciprocidade, Em breve pisará um terreno sem minas, Mas não tem como descobrir sem caminhar. Caminhe menina, Eu sei que seus pés doem E que o horizonte é incerto demais, Mas tudo pode mudar. Entendo que as desilusões machucam Que a ignorância irrite E que a ingratidão gere frieza, Mas sem elas, Palavras de amor seriam apenas palavras. Não desista menina, Sei também que as pessoas são rudes Que os abraços são falsos, E não existe carinho, Mas eles estão cegos E necessitam da sua visão. O mundo tem sido cruel contigo, Mas não seja cruel com o mundo. Sua gentileza é capaz de desarmar o destino. Mais esperança menina, A diversão está ali na frente. És criança e precisa brincar, A vida é uma celebração E a festa mal começou.
Por Felipe Arco