Frases e palavras de impacto de Jessier Quirino!

Uma paixão pra Santinha ⁠Xanduca de Mané Gago Tinha querença mais eu Me vestia de abraço Bucanhava os beiço meu Era aquele tirinete Parecia dois colchete Eu in nela e ela in nêu. No apolegar das tetas Nos chamego penerado Nas misturação das perna Nos cafuné do molengado Nos beijo mastigadinho Nos açoite de carinho Nós era bem escolado. Era aquele tudo um pouco Era aquela amoridade Mas faltava na verdade Sensação de friviôco Um querer, uma pujança Daquela que dá sustança Na homencia do cabôco. No dia que`u vi Santinha Sobrinha do sacristão O bangalô do meu peito Se enfeitou feito um pavão Foi quando esqueci Xanduca Sem mágoa sem discussão Pois vimos que nós só tinha Uma paixãozinha mixa Uma jogada de ficha Uma piola de paixão. Santinha é a indivídua Que misturou meu pensar Que me deixou friviando Sem nem sequer me olhar Matutinha aprincesada Mulher de voz aflautada Olhosa de se olhar Fulô de beleza fina É a tipa da menina Que se deseja encontrar. Mas Santinha é quase santa Nem percebe o meu amor Não tem na boca um pecado Tem o beicinho encarnado Pintado a lápis de cor Só tem olhos pra bondade Mas não faz a caridade De enxergar um pecador. Ah! se eu fosse um monsenhor Um padre, um frei, um vigário Eu achucalhava os sino De cima do campanário Eu abria o novenário Eu enfeitava um andor Botava ela impezinha Feito uma santa rainha Padroeira dos amor. Arranjava um pedestal Um altar um relicário Chamava todas carola Chamava todo igrejário E dizia em toda altura Com voz de missionário: Oh! minha santa Santinha! Tire este manto celeste Saia deste relicário Olhe pra mim e garanta Que vai deixar de ser santa Que`u deixo de ser vigário!

Por Jessier Quirino

Aprender nunca é demais, mas a prender nunca, é demais

Por Jessier Quirino

⁠O dizido das horas no Sertão por Jessier Quirino Para o sertanejo antigo, O ponteirar do relógio, De hora em hora, a passar, Da escurecença da noite, À solnascença do dia, É dizido, ao jeito deles, No mais puro boquejar: Se diz até que os bichos, Galo, nambu, jumento, Sabe as hora anunciar! Uma hora da manhã, Primeiro canto do galo. Quando chega duas horas, Segundo galo, a cantar. Às três, se diz madrugada, Às quatro, madrugadinha, Ou o galo a miudar! Às cinco, é o cagar dos pintos, Ou, mesmo, o quebrar da barra. Quando é chegada seis horas, Se diz: o sol já de fora, Cor de Crush, foi-se embora… E tome o dia, a calorar! Sete horas da manhã É uma braça de sol. O sol alto é oito em ponto, O feijão tá quase pronto E já borbulha o mungunzá! Sendo verão, ou, se chove, Ponteiro bateu as nove… É hora de almoçar! Às dez é almoço tarde, Pra quem vem do labutar. Se o burro dá onze horas, Diz: quase mei dia em ponto! Às doze é o sol a pino, Ou o pino do meio dia. O suor desce de pia, Sertão quente, de torá! Daí pa frente, o dizido, Ao invés de treze horas, Se diz: o pender do sol. Viração da tarde é duas, Quando é três, é tarde cedo, Às quatro, é detardezinha, Hora branda, sem calor. O sol perde a cor de zinco Quando vai chegando às cinco, Roda do sol… a se por! Às seis é o por do sol, Ou hora da Ave Maria. Dezenove, ou sete horas, Se diz que é pelos cafús. Às oito, boca da noite, Lá pras nove, é noite tarde, Às dez, é a hora velha, Ou a hora da visage! É quando o povo vê alma, Nos escuros do lugar. É horona pirigosa, Fantasmenta e assustosa, Pro cabra se estupefar! Às onze, é o frião da noite, É Sertão velho, a gelar, Meia noite é meia noite E acabou-se o versejar. Mais um dia foi-se embora E, assim, é dizida as horas Neste velho linguajar!

Por Jessier Quirino

Desigualdade social... Um morava na Rua do Meio. O outro no meio da rua.

Por Jessier Quirino

Paisagem de Interior Isto é cagado e cuspido paisagem de interior⁠ Matuto no meio da pista menino chorando nu rolo de fumo e beiju colchão de palha listrado um par de bêbo agarrado preto véo rezador jumento, jipe e trator lençol voando estendido isso é cagado e cuspido paisagem de interior três moleque fedorento morcegando um caminhão chapéu de couro, gibão bodega com sortimento poeira no pé do vento tabuleiro de cocada banguela dando risada das prosa dum cantador buchuda sentindo dor com o filho quase parido isso é cagado e cuspido paisagem de interior Bêbo lascano a canela escorregando na fruta num batente, uma matuta areando uma panela cachorro numa cadela se livrando das pedrada ciscador, corda e enxada na mão do agricultor no jardim, um beija-flor num pé de planta florido isso é cagado e cuspido paisagem de interior Mastruz e erva cidreira debaixo de jatobá menino quereno olhar as calça da lavadeira um chiado de porteira um fole de oito baixo pitomba boa no cacho um canário cantador caminhão de eleitor com os voto tudo vendido isso é cagado e cuspido paisagem de interior Um motorista cangueiro e um jipe chêi de batata um balai de alpercata porca gorda no chiqueiro um camelô trambiqueiro aveloz, lagartixa bode véio de barbicha bisaco de caçador um vaqueiro aboiador um bodegueiro adormecido isso é cagado e cuspido paisagem de interior Meninas na cirandinha um pula corda e um toca varredeira na fofoca uma saca de farinha cacarejo da galinha novena no mês de maio vira-lata e papagaio carroça de amolador fachada de toda cor um bruguelim desnutrido isso é cagado e cuspido paisagem de interior Uma jumenta viçando jumento correndo atrás um candeeiro de gás véi na cadeira bufando rádio de pilha tocando um choriço, um manguzá um galho de trapiá carregado de fulô fogareiro, abanador um matador destemido isso é cagado e cuspido paisagem de interior Um soldador de panela debaixo da gameleira sovaqueira, balinheira uma maleta amarela rapariga na janela casa de taipa e latada nuvilha dando mijada na calçada do doutor toalha no aquarador um terreiro bem varrido isso é cagado e cuspido paisagem de interior Um forró pé de serra fogueira, milho e balão um tum-tum-tum de pilão um cabritinho que berra uma manteiga da terra zoada no mei da feira facada na gafieira matuto respeitador padre prefeito e doutor os home mais entendido isso é cagado e cuspido paisagem de interior

Por Jessier Quirino