Frases e palavras de impacto de Gilberto Mendonça Teles!

Modernismo No fundo, eu sou mesmo é um romântico inveterado. No fundo, nada: eu sou romântico de todo jeito. Eu sou romântico de corpo e alma, de dentro e de fora, de alto a baixo, de todo lado: do esquerdo e do direito. Eu sou romântico de todo jeito. Sou um sujeito sem jeito que tem medo de avião, um individualista confesso, que adora luares, que gosta de piqueniques e noitadas festivas, mas que vai se esconder no fundo dos restaurantes. Um sujeito que nesta reta de chegada dos cinqüenta sente que seu coração bate mais velozmente que já nem agüenta esperar mais as moças da geração incerta dos dois mil. Vejam, por exemplo, a minha cara de apaixonado, a minha expressão de timidez, as minhas várias tentativas frustradas de D. Juan. Vejam meu pessimismo político, meu idealismo poético, minhas leituras de passatempo. Vejam meus tiques e etiquetas, meus sapatos engraxados, meus ternos enleios, meu gosto pelo passado e pelos presentes, minhas cismas, e raptos. Veja também minha linguagem cheia de mins, de meus e de comos. Vejam , e me digam se eu não sou mesmo um sujeito romântico que contraiu o mal do século e ainda morre de amor pela idade média das mulheres.

Por Gilberto Mendonça Teles

Goiás Só te vejo, Goiás, quando me afasto e, nas pontas dos pés, meio de banda, jogo o perfil do tempo sobre o rasto desse quarto-minguante na varanda. De perto, não te vejo nem sou visto. O amor tem destes casos de cegueira: quanto mais perto mais se torna misto, ouro e pó de caruncho na madeira. De perto, as coisas vivem pelo ofício do cotidiano — existem de passagem, são formas de rotina, desperdício, cintilações por fora da linguagem. De longe, não, nem tudo está perdido. Há contornos e sombras pelo teto. E cada coisa encontra o seu sentido na colcha de retalhos do alfabeto. E, quanto mais te busco e mais me esforço, de longe é que te vejo, em filigrana, no clichê de algum livro ou no remorso de uma extinta pureza drummondiana. Só te vejo, Goiás, quando carrego as tintas no teu mapa e, como um Jó, um tanto encabulado e meio cego, vou-te jogando em verso, em nome, em GO.

Por Gilberto Mendonça Teles

Toda história tem seu texto tem seu pretexto e pronúncia. Tem seu remorso, seu sexto sentido de arte e denúncia.

Por Gilberto Mendonça Teles

Caminhos Se caminhamos juntos, se juntos dividimos, quem sabe da renúncia que nos vai conduzindo? Quem sabe dos intentos tão distantes, tão próximos, que amamos em silêncio como um segredo nosso? Quem sabe do caminho, se tudo é tão noturno e o sonho é como um sino além, além do mundo?

Por Gilberto Mendonça Teles

Tudo isso e mais a fome da cidade e do sertão, tudo isso e mais o gosto da pimenta e do limão, tudo isso, minha gente, vai perdendo a tradição, vai ficando na saudade, na forma de algum refrão, de algum discurso eficaz que possa matar a fome comendo apenas o nome das comidas de Goiás.

Por Gilberto Mendonça Teles