Frases e palavras de impacto de Cacaso!

⁠Nosso amor foi um deserto mas tinha tudo pra dar faltou apenas dar certo questão de hora e lugar A razão me trouxe embora mas eu queria ficar a paixão que me devora sei que ela vai me matar A vida vai lá fora preciso de respirar mas sem você é um sufoco eu não me mato por pouco ando fugindo do azar Nosso amor passou por perto tava tão fácil de achar só faltou ser descoberto questão de hora e lugar

Por Cacaso

Madrigal para Cecília Meireles Cacaso (Antônio Carlos Ferreira de Brito) Quando na brisa dormias, não teu leito, teu lugar, eu indaguei-te, Cecília: Que sabe o vento do mar? Os anjos que enternecias romperam liras ao mar. Que sabem os anos, Cecília, de tua rota lunar? Muitas transas arredias, um só extremo a chegar: Teu nome sugere ilha, teu canto:um longo mar. Por onde as nuvens fundias a face deixou de estar. Vida tão curta, Cecília, a barco tragando o mar. Que céu escuro havia há tanto por te espreitar? Que alma se perderia na noite de teu olhar? Sabemos pouco, Cecília, temos pouco a contar: Tua doce ladainha, a fria estrela polar a tarde em funesta trilha, a trilha por terminar precipita a profecia: Tão curta é a vida, Cecília, tão longa a rota do mar. Em te saber andorinha cravei tua imagem no ar. Estamos quites, Cecília, Joguei a estátua no mar. A face é mais sombria quanto mais se ensimesmar: Tão curta a vida, Cecília, tão negra a rota do mar. Que anjos e pedrarias para erguer um altar? Escuta o coral, Cecília: O céu mandou te chamar. Com tua doce ladainha (vida curta, longo mar) proclames a maravilha. Rio, 1964. Cacaso (Antônio Carlos Ferreira de Brito) nasceu em Uberaba (MG), no dia 13 de março de 1944. Com grande talento para o desenho, já aos 12 anos ganhou página inteira de jornal por causa de suas caricaturas de políticos. Antes dos 20 anos veio a poesia, através de letras de sambas que colocava em músicas de amigos como Elton Medeiros e Maurício Tapajós. Seu primeiro livro, "A palavra cerzida", foi lançado em 1967. Seguiram-se "Grupo escolar" (1974), "Beijo na boca" (1975), "Segunda classe" (1975), "Na corda bamba" (1978) e "Mar de mineiro (1982). Seus livros não só o revelaram uma das mais combativas e criativas vozes daqueles anos de ditadura e desbunde, como ajudaram a dar visibilidade e respeitabilidade ao fenômeno da "poesia marginal", em que militavam, direta ou indiretamente, amigos como Francisco Alvim, Helena Buarque de Hollanda, Ana Cristina Cezar, Charles, Chacal, Geraldinho Carneiro, Zuca Sardhan e outros. No campo da música, os amigos/parceiros se multiplicavam na mesma proporção: Edu Lobo, Tom Jobim, Sueli Costa, Cláudio Nucci, Novelli, Nelson Angelo, Joyce, Toninho Horta, Francis Hime, Sivuca, João Donato e muitos mais. Em 1985 veio a antologia publicada pela Editora Brasiliense, "Beijo na boca e outros poemas". Em 1987, no dia 27 de dezembro, o Cacaso é que foi embora. Um jornal escreveu: "Poesia rápida como a vida". Em 2002 é lançado o livro "Lero-Lero", com suas obras completas. O poema acima foi extraído do livro "Lero-lero", Viveiros de Castro Editora (7Letras) - Rio de Janeiro e Cosac & Naif - São Paulo, 2002, pág. 189.

Por Cacaso

⁠Eu sempre quis acertar só me faltou pontaria eu nunca soube cantar mas sempre tive mania nunca brinquei carnaval e nem saí da folia nunca pulei a fogueira e nem dancei a quadrilha Eu nunca amei a ninguém nunca devi um vintém nem encontrei minha trilha Eu me perdi muito além sendo meu próprio refém na solidão de uma ilha

Por Cacaso

⁠Lero-lero Sou brasileiro de estatura mediana gosto muito de fulana mas sicrana é quem me quer porque no amor quem perde quase sempre ganha veja só que coisa estranha saia dessa se puder Eu sou poeta e não nego minha raça faço verso por pirraça e também por precisão de pé quebrado verso branco rima rica negaceio dou a dica tenho a minha solução Não guardo mágoa não blasfemo não pondero não tolero lero-lero devo nada pra ninguém sou esforçado minha vida levo a muque do batente pro batuque faço como me convém

Por Cacaso

O LUGAR DA TRANSGRESSÃO Encontrei um sapo cochilando dentro de Minha botina. Nunca me meti em botina De sapo. Que liberdades são essas?

Por Cacaso

⁠Minha terra tem palmeiras onde canta o tico-tico. Enquanto isso o sabiá vive comendo o meu fubá. Ficou moderno o Brasil ficou moderno o milagre: a água já não vira vinho, vira direto vinagre.

Por Cacaso

TEMPO Um dia nos lembraremos deste tempo se lembrança houver que estivemos nesta sala que algumas vezes nos tocamos éramos mais felizes mais moços um dia nos levaremos deste tempo se levar houver

Por Cacaso