Frases e palavras de impacto de Augusto Frederico Schmidt!

Noites, estranhas noites, doces noites! A grande rua, lampiões distantes, Cães latindo bem longe, muito longe. O andar de um vulto tardo, raramente. Noites, estranhas noites, doces noites! Vozes falando, velhas vozes conhecidas. A grande casa; o tanque em que uma cobra, Enrolada na bica, um dia apareceu. A jaqueira de doces frutos, moles, grandes. As grades do jardim. Os canteiros, as flores. A felicidade inconsciente, a inconsciência feliz. Tudo passou. Estão mudas as vozes para sempre. A casa é outra já, são outros os canteiros e as flores Só eu sou o mesmo, ainda: não mudei!

Por Augusto Frederico Schmidt

Encontraremos o amor depois que um de nós abandonar os brinquedos. Encontraremos o amor depois que nos tivermos despedido E caminharmos separados pelos caminhos. Então ele passará por nós, E terá a figura de um velho trôpego, Ou mesmo de um cão abandonado, O amor é uma iluminação, e está em nós, contido em nós, E são sinais indiferentes e próximos que os acordam do seu sono subitamente.

Por Augusto Frederico Schmidt

Elegia As árvores em flor, todas curvadas, Enfeitarão o chão que vais pisar. E a passarada cantará contente Bem lindos cantos só em teu louvor. A natureza se fará toda carinho Para te receber, meu grande amor. Virás de tarde, numa tarde linda – Tarde aromal de primavera santa. Virás na hora em que o sino ao longe Anuncia tristonho o fim do dia. Eu estarei saudoso à tua espera E me perguntarás, pasma, sorrindo: Como eu pude adivinhar quando chegavas, Se era surpresa, se de nada me avisaste? Ah, meu amor! Foi o vento que trouxe o teu perfume E foi esta inquietação, esta mansa alegria Que tomou meu solitário coração...

Por Augusto Frederico Schmidt

Mãe, aqui estou no dia de hoje, Batendo à tua porta, procurando a tua companhia. Não me desconheças nem perguntes quem sou. No fundo de mim mesmo, apesar de tudo o que houve, Das incompreensões, do pó e da amargura, Das misérias que pratiquei e que praticaram Contra mim; apesar da experiência do ódio e do amor, amargos ambos, Sou o mesmo filho que deixaste Na orfandade Quando partiste, Estrela materna, flor de beleza, Que o vento gelado crestou na juventude.

Por Augusto Frederico Schmidt

Vazio A poesia fugiu do mundo. O amor fugiu do mundo — Restam somente as casas, Os bondes, os automóveis, as pessoas, Os fios telegráficos estendidos, No céu os anúncios luminosos. A poesia fugiu do mundo. O amor fugiu do mundo — Restam somente os homens, Pequeninos, apressados, egoístas e inúteis. Resta a vida que é preciso viver. Resta a volúpia que é preciso matar. Resta a necessidade de poesia, que é preciso contentar.

Por Augusto Frederico Schmidt