Frases e palavras de impacto de Antônio Rangel Bandeira!

És bela, eu velho; Tens amor, eu tédio. Que adianta seres Bela, se a beleza É coisa externa que Não está no coração? E minha velhice Não te interessa Já que, na vida, Seguimos destinos Opostos. Tens amor, bem sei É próprio da idade, Que amor é Tão somente impulso Da natureza cega, Para perpetuar A miséria amarga De nosso próprio Infortúnio. És bela, fui moço, Tens amor, eu... medo.

Por Antônio Rangel Bandeira

Confesso que estou cansado. Sobretudo, de mim mesmo. Se o telefone tocar digam Que não estou. Quero ficar Sozinho. Nem quero saber O que se passa no mundo. Até a fé na vida perdi. Não me suporto mais. Este conflito já dura Demais entre eu e Mim mesmo. Vejo Que vivi uma vida de sonho Num mundo de cães. E se me observo melhor, Percebo que estou latindo.

Por Antônio Rangel Bandeira

Disse-te que nasci um só E que morri vários? Ou nada te disse sobre O desdobrar-se de mim, Nesta teia de seres Que cada dia cresce, Sufocando o ser Original que fui? Que seres são esses Que se agregaram a mim, Imitando meus gestos E minha voz, qual Herdeiro de esquecidas Memórias? Disse-te Que hoje sou tantos Que nem mais reconheço Minha face envelhecida Meu signo particular? Quem sabe, nada te disse. Não sei falar sobre o que Desconheço. Mas posso sentir Que alguns de mim Estão morrendo. Outros Tantos de mim se Despregam dos contraditórios Labirintos de mim mesmo.

Por Antônio Rangel Bandeira

Não sei onde começo, Nem onde acabo. E outra Dúvida se acrescenta: Quando eu morrer Qual dos meus eus estará Sendo enterrado comigo? E os outros, os que não me Seguirem, continuarão Vagando por ai, continuando A expor o meu tormento? Se eu te disse que nasci Um só e que morri Vários, foi porque o dom Da vida se dispersou Em mim, fazendo de um Só poeta possível, um Deserto permeado. Só os Veros poetas nascem vários E morrem um só, Eupalinos!

Por Antônio Rangel Bandeira

Minha casa volante De vazio e sonho. O trapézio em que Me equilibro desde O dia em que nasci. A jaula das feras Com que convivo. Os palhaços que Nos reproduzem. Os domadores que A nem todos domam. As amazonas que Não sabem amar. O público que não Nos vê e não aplaude. Circo: círculo Concêntrico desta Roda viva De purgação E espera. Mas se o circo parte Fico ainda mais só.

Por Antônio Rangel Bandeira

O livro-arbítrio Morreu. Batem à porta. — É o destino. Seja, Ou o nome que os fados Tenham. É inadiável, Intransferível.

Por Antônio Rangel Bandeira