Frases e palavras de impacto de António Maria Lisboa!

O Poeta precisamente só o será quando a sua imaginação for além da imaginação do Universo. (António Maria Lisboa)

Por António Maria Lisboa

⁠Continuar aos saltos até ultrapassar a Lua continuar deitado até se destruir a cama permanecer de pé até a polícia vir permanecer sentado até que o pai morra Arrancar os cabelos e não morrer numa rua solitária amar continuamente a posição vertical

Por António Maria Lisboa

⁠Contar a vida pelos dedos e perdê-los contar um a um os teus cabelos e seguir a estrada contar as ondas do mar e descobrir-lhes o brilho e depois contar um a um os teus dedos de fada Abrir-se a janela para entrarem estrelas abrir-se a luz para entrarem olhos abrir-se o tecto para cair um garfo no centro da sala e depois ruidosa uma dentadura velha E no CIMO disto tudo uma montanha de ouro E no FIM disto tudo um Azul-de-Prata.

Por António Maria Lisboa

⁠Vírgula Eu menino às onze horas e trinta minutos a procurar o dia em que não te fale feito de resistências e ameaças — Este mundo compreende tanto no meio em que vive tanto no que devemos pensar. A experiência o contrário da raiz originária aliás demasiado formal para que se possa acreditar no mais rigoroso sentido da palavra. Tanta metafísica eu e tu que já não acreditamos como antes diferentes daquilo que entendem os filósofos — constitui uma realidade que não consegue dominar (nem ele próprio) as forças primitivas quando já se tem pretendido ordens à vida humana em conflito com outras surge agora a necessidade dos Oásis Perdidos. E vistas assim as coisas fragmentariamente é certo e a custo na imensidão da desordem a que terão de ser constantemente arrancadas — são da máxima importância as Velhas Concepções pois a cada momento corremos grandes riscos desconcertantes e de sinistra estranheza. Resulta isto dum olhar rápido sobre a cidade desconhecida. E abstraindo dos versos que neste poema se referem ao mundo humano vemos que ninguém até hoje se apossou do homem como o frágil véu que nos separa vedados e proibidos.

Por António Maria Lisboa

⁠As formas, as sombras, a luz que descobre a noite e um pequeno pássaro e depois longo tempo eu te perdi de vista meus braços são dois espaços enormes os meus olhos são duas garrafas de vento e depois eu te conheço de novo numa rua isolada minhas pernas são duas árvores floridas os meus dedos uma plantação de sargaços a tua figura era ao que me lembro da cor do jardim.

Por António Maria Lisboa

⁠Uma vida esquecida Eu conheço o vidro franja por franja meticulosamente à porta parado um homem oco franja por franja no espaço meticulosamente oco uma porta parada. Um relógio dá dez badaladas ininterruptamente dez badaladas por brincadeira dança um homem com pernas de mulher e um olhar devasso no Marte passo por passo uma criança chora uma águia e um vampiro recuados no tempo.

Por António Maria Lisboa