Sonhei com uma cidade submersa que desconhecia luz e era habitada por estranhas criaturas fluorescentes que sentiam fome e amor, mas sobretudo fome, e adornavam as almas com cantos de guerra e silêncios rompidos à chibata mas havia alma e isso bastava porque na superfície nós não tínhamos nem isso, e o sonho desdobrava-se num turbilhão de imagens em que eu via o amor ser inventado e escurecer e as trevas eram tudo e eu dormia e desesperadamente sabia que ninguém viria coroar minha agonia porque acordávamos todos os dias e quem quer que quisesse viver teria de saber que aqui não se sonha, não, não se sonha sem custo e o meu custo, tão doce e terrível, era a loucura daquela cidade que já desaparecia outra vez e a insuportável luz volvia com a realidade e tudo o que se podia fazer era secar os olhos e observar o sol dormir atrás do mundo
A frase mais vista deste Autor.
Eros manda avisar que não habita parlamento Que o amor não é uma social-democracia Que onde dois são dois a discórdia faz ninho Que o livre-arbítrio é a desculpa da apatia Que o tirano e o escravo são gêmeos siameses